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quinta-feira, 8 de setembro de 2016

DESAGRAVO AOS PROFISSIONAIS DA VOZ (Ou: falar é fácil, difícil é saber apresentar)

Dos bancos acadêmicos muito se aprende, muito se filtra, tudo se adequa às necessidade de uso das ferramentas de conhecimento inseridas em nosso cotidiano.

Na escola cotidiana, em cujas aulas não temos nenhuma condição de “matar aula” pelo simples fato de estarmos nela matriculados desde nossa chegada à luz, necessário se faz, acima de tudo, a busca incessante pelo conhecimento.

Em todas as atividades humanas, conhecimento é o único modo de superar dificuldades.
A falta de conhecimento, desenvolvido pela experiência e pela prática, propõe corrermos riscos geralmente desnecessários.

Para tanto, o conhecimento foi, e é, naturalmente segmentado entre as faixas de idade e por conta da individualidade do talento, contextualizado no DNA.

Por isso, trocando em miúdos, não pode o carpinteiro querer ser enfermeiro, mesmo em se tratando de pessoa talentosa e com conhecimentos. Indispensável é a prática e, acima de tudo, a formação técnica.

Após esse preâmbulo, usamos desse espaço para manifestarmos nosso desagravo a uma classe profissional atualmente bastante desconsiderada em nosso município: a dos profissionais da voz, os locutores.

Não vamos garimpar muitos exemplos, por termos em tela e na memória os dois últimos eventos comemorativos ao Dia da Independência do Brasil.

Vamos, também, minimizar o tempo dos caros leitores.

Fica assim: em um evento comemorativo e solene tal como o citado, é extremamente importante o uso da voz para anunciar cada etapa ou item de um roteiro anteriormente determinado.

Para tanto, é muito justo a escolha de um profissional da locução, capaz de manter íntimo diálogo com o microfone, sabendo tirar o maior proveito dessa ferramenta de trabalho.

Da mesma forma, o profissional da locução tem como prática de carreira a leitura antecipada do roteiro, treinando a pronúncia de nomes próprios e até mesmo substituindo palavras “bonitas” mas capazes de “quebrar a língua”, tirando o efeito da mensagem. 

Usar sinônimos sempre é recomendável, até mesmo em se considerando a plateia.

Se é preciso ler o roteiro, importa em discutir o mesmo com outra pessoa da organização, para simplificá-lo ao máximo, evitando se tornar enfadonho ou com conteúdo extenso e desnecessário.

No caso em tela, as informações devem ser passadas de forma inteligível e audível, mesmo por se tratar de evento ao ar livre, com a atuação de bandas marciais ou fanfaras, cujos toques de clarim ou tambores podem obscurecer a maior parte da fala, caso quem esteja à frente do microfone não saiba utilizar os recursos da técnica vocal.

Mastigar palavras ou engolir o final de algumas, não pode acontecer, a não ser acidentalmente. A invenção de palavras, ou o chamado “neologismo” é imperdoável, haja vista o impacto negativo para com a própria pessoa que se passa por locutor.

Outro risco desnecessário: pedir ao público “dar uma salva de palmas”. Seria tal qual pedir um minuto de silêncio no maior estádio do mundo. O grande Nelson Rodrigues, escritor brasileiro, já afirmava: “Vaia-se até um minuto de silêncio no Maracanã”.

O aplauso deve ser respeitado como manifestação espontânea das pessoas e não um gesto induzido, pois perderá, neste caso, toda a essência da sinceridade.

Também não se deve utilizar o microfone para o uso indevido de “cacos”. Para os leigos: cacos é a definição do uso, inteligente, de improvisos sobre o assunto sem trazer comprometimento ao formato geral do texto. Para isso, também, preciso se faz conhecimento e prática, junto com talento.

Aberração, então, é querer “puxar a sardinha” para o prato do chef.

Durante o desfile de ontem, em Pindamonhangaba, a pessoa responsável pelo anúncio dos diversos módulos, quando se referia ao contingente assistido pela Secretaria de Esportes, buscava reforçar com mensagem subliminar, remetendo, os mais atentos, à ação do Chefe do Executivo quando da extinção do chamado “esporte de alto rendimento” (atletas profissionais antes atuando em “defesa das cores da cidade”). “São atletas de Pindamonhangaba” ou “Todos moradores de Pindamonhangaba”, ouvia-se pelo sistema de sonorização do evento. 
Poderia, de repente, até se configurar propaganda política irregular, considerando-se ser, o prefeito, candidato à reeleição.

Enquanto isso, temos a lamentar, muitos profissionais capacitados não tiveram seus nomes lembrados para uma possível contratação de serviços à altura do evento.
Em tempo de vacas magras, economizar é importante; negociar é interessante. Não é recomendável “quebrar o galho” ou “vedar o sol com a peneira”.

Notório é sabermos de os cargos de confiança não terem contagem de horas extras, mesmo por terem a liberalidade do registro de ponto. Esse tipo de economia, entretanto, é capaz de minimizar o impacto de grandiosidade previsto para qualquer evento.

Para finalizarmos: isso tudo acontecendo ao lado de muitas autoridades da Administração local, inclusive a titular da pasta da Educação e Cultura, além de militares e civis convidados.

Por isso, em nome de uma classe de profissionais merecedores de nosso particular carinho, por termos envolvimento, conhecimento, formação e algum talento, recomendamos mais cuidado com a escolha do anunciador a ser convidado para os próximos eventos oficiais.

Em tempo e por justiça: comentário válido somente a respeito da parte não militar do desfile de Sete de Setembro, a qual teve roteiro apresentado por um comentarista do Exército.

Com a devida vênia aos colegas profissionais, e pedindo licença ao colega profissional Paulo Ramos, recomendamos o vídeo abaixo a todos quantos desejam se achar em condições de apresentar eventos. Notem: é apenas um apanhado de “Dicas”, não um curso completo.
Nosso abraço a todos quantos fazem da sua voz a ferramenta de melhorar o mundo.

É a minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho, Mtb 36.001
Jornalista Independente.



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