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quarta-feira, 12 de outubro de 2016

PROSA CABOCLA: PREMÊRA CAMUNHÃO (coisas di Nhô Tonho)

Patrãozinhu chamô Sá Dona, lemcasa.
Tava nóis dois catanu fejão pru armoçu de dumingo. Nossu caçula ia tomá a premera camunhão, ditardinha, na missa que Frei Dondinho ia fazê na capela da fazenda.
Sá Dona ponhô ozóio pra riba d'eu e piscô, caquela carinha di quem num sabe o qui vão falá prela.

Toquei eu suzinho, catanu fejão. Inté qui num tinha muita tranquera. Tinha é uns bagu di fava, inda nu meio da istôpa.

Repenti, Sá Dona vorta numa correria, gritanu meu nome. “Tonhu du céu, cê num querdita duma coisa, ómi!”, falô ela já na sulera da porta.

A cara da muié, pesar de sê minha nega, tava vermêia di tanto corrê di lá da casa da sédi inté in casa. “Tonhu, ganhemo uns par di rôpa nova pra missa do Chico!”, berrava Sá Dona. Inté parecia que tinha ganhadu suzinha na loteca. Só qui nóis nem tinha jugado...

Parei de ponhá os grão di fejão na penera, isfreguei as mão no panu di pratu e botei reparo nos pacoti que Sá Dona mostrava.

Ói, inté parecia que u patrão sabia das nossa precisão. Veiu vistidu novu, istampadu, as coisas di ponhá pur baxo e inté carçadu. Sem contá uns brinco e inté anér de ôro farso.
A nega se banhava di felicidade! Adespois, inda disse que dona Laurinha ia mexê nos cabelu dela, pra ela ficá inda mais formosa.

Sô Armandu, maridu dela, mandô umas carça nova, camisa tumém, par di bota preta brianu di nova. Ganhei cueca e inté uma guaiaca tinindo. Só fartô botá uns trocadus nela. Inté dei um riso marotu quandu pensei nisso.

A genti nem ponhava pensamentu nessa coisa di o patrão ajudá, mái já que mandô, era bão di a gente fazê uso. Finar di conta, era gostu da famía dele tratá bem us pião da fazenda.

Chico ia levá dona Laurinha e sô Armandu di padrinhu, na missa, i us dois já tinha mandadu rôpa prele. O mininu parecia daqueles prínces di histórinha. U neguinho já era bonitu i agora, cum rôpinha nus trinque, vixi! Qui nem dizia o pai Zecão: parecia fio di arfaiati...

Frei Dondinho rezô a missa, pregou umas palavra di respeito e amizade, serviu a hóstia pras criança, us grande fôro despois. Tevi café cum leite, bolo de fubá, bolo di chocalati, cocadinha e pipoca, pra tudu mundo. Sá Dona ficô dizóio i eu num pude carcá um gole da pinga du cumpadi Bertulino. Deu água na boca, mais a genti tem qui respeitá a muié da nossa cumpania.

Cardosinhu, violeru dus bão mermo, si assanhô tocando umas varsa e dispois uns cateretê e catira na viola caipira.

Batia umas oito hora da noite quandu u patrão si arretirô, puxando dona Laurinha pela mão. Passaram na frente da capela, si benzêro e siguiro pru bangalô.

Juntei as coisa du Chico, o caticismu e a vela da camunhão, bracei Sá Dona e toquemo reto pro nossu cantinhu. Garramu prosiá e quandu vimu, batia quasi a hora grande, meia noite.

Eu e a nega fumu pra vê o Chico, qui tava inda joeiadu, rezanu pra drumi. Inda deu tempu de iscuitá o que o mininu dizia. Foi maismenos assim:

Sabe, meu São Biniditu, u pai i a mãe tão feliz cumigo. Eu tumém, inté pisquei mais grossu pra escorrê u choru, na missa. Pai é bão moço, mãe trabaiadêra. Num dêxa eles fartá na vida desse vossu fio. Vai sê bão tê us dois inté quandu eu ficá hómi grandi e pudê cuidá dus dois. Vô iscuitá u que Frei Dondinho falô: mais vali pai i mãe pur perto du que ficá chutanu lata nus caminhu da vida. Bênça, São Biniditu. Amém”.

Oiei pra nega, chorava co's zóio lavado de choro. Isfreguei us zóio meu, disfarcei e falei pra ela que nóis tava no caminhu certu. Chico aprendeu que é bão amá quem ama a gente e respeitá tudu mundu.

Drumimu abraçadu, dispois de rezá e trocá umas passada di mão.
Trodia já ia sê segunda fêra e o batente cumeçava cedu na ordenha das vacas.
Adispois conto mais.
Finar das conta, sô o Nho Tonho, prosadô cheio de prosa...

Sempre é bom resgatarmos coisas do cotidiano das pessoas mais simples. Afinal, pela simplicidade são conquistados espaços de melhor manifestação e melhor viver.
Deixe o caboclo simples e lutador que existe em seu interior ser um pouco da sua boa energia.
Não custa nada e pode valer muito, no momento em que sabedoria e coerência precisam ser contados como valores de superar dificuldades, medos, incertezas e pouco caso.

É a minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho, MTb36.001
Jornalista Independente, não filiado à AJOPI.





sexta-feira, 7 de outubro de 2016

NÃO VI O VÍDEO DO VITO (ou: Gratidão ainda é tudo de bom!)

Os praticantes de vertentes esotéricas, principalmente, e todas as pessoas centradas na certeza de não estarem sozinhas por este plano, têm para si e para com os parceiros de viagem terrena valores incontestes como cortesia, confiança, amabilidade, sinceridade, respeito, honra, saúde, paz...

Gratidão, então, é ferramenta de se exercitar a proximidade e equiparação de valores.

Nas eleições recém findas pudemos observar, muito acentuada, a prática de discursos comprometidos com a melhor qualidade de vida, em todas as suas segmentações.

Os candidatos pediam, pediam mais, mais pediam e prometiam saber promover a contrapartida do atendimento destes pedidos quando de sua assunção ao poder.

Em Pindamonhangaba, nosso universo material e limitador de nossa capacidade de avaliação, isso também aconteceu.

Posterior a 2 de outubro, quando as urnas sufragaram nomes novos para o Legislativo e, principalmente para o Executivo, pudemos ver o perfil político da cidade.


Houve uma "limpa" no elenco de "jurássicos", fazendo com que Pinda deixasse de ser uma espécie de "Vale dos Dinossauros" ou um quase mausoléu da política. Sobreviveram ao "rapa" dos eleitores aqueles que ainda demonstram vontade de fazer melhor, tornando-se melhores.


Muitos eleitos e outros que "rasparam a trave", às suas expensas, fizeram e estão fazendo circular pelas ruas de seu ambiente eleitoral, veículos com caixas de som demonstrando a gratidão pelos votos recebidos.


Isso é o mínimo que um cidadão, o qual se dispôs representar o povo, deve fazer para promover a satisfação de quem lhe confiou um voto. Votos de Gratidão!


As redes sociais trouxeram para o universo tecnológico as imagens e falas de Isael Domingues, Luis Rosas e Julielton Modesto, os quais se envolveram na disputa para trabalharem pelo povo no prédio espelhado.


Gratidão é tudo e estes souberam se manifestar, sem muita produção artística mas com enorme dose de sinceridade.


Mas, e o atual prefeito? "Quedê a prosa dele", diria dona Benedita, minha mãe querida.

É mesmo, Cadê? Onde está?

Com uma suposta seleta equipe de assessores de campanha, Vito Ardito não compareceu às redes sociais para se expor grato pela escolha manifestada de seus 30.455 eleitores. Está certo que não deu para chegar ao topo, mas até mesmo o último dos atletas, numa competição, se faz honrado ao agradecer aplausos de incentivo.


O vídeo do prefeito, até o encerramento deste artigo, não havia circulado pela rede mundial de computadores.

Há quem diga estar, o alcaide, em estado depressivo. É preciso cuidado, pois depressão mata depressinha...

Vamos aguardar, para vermos e ouvirmos o que ele tem a agradecer...

Aproveitando o gancho e nos reportando a algumas ilações nossas anteriormente, vejamos como foi o resultado, dentro daquele quadro "previsto":

Se Vito Ardito montou um "batalhão de choque" para desviar votos do seu mais frontal adversário (ao nosso ver o verdadeiro único na oposição) conseguiu efeito reverso.


Vejamos:

Wilton Carteiro correu por fora e não representou, com todo o respeito merecido, ameaça inicial a nenhum outro candidato. 
Luis Rosas teve pouco mais do que 10% dos votos de Isael.
Myrinha ficou no terceiro lugar com 4.619 votos, pouco mais do que 15% do total do atual prefeito.
Então teríamos, numa hipótese: Vito+Myriam = 35.074.
Caso Myriam tenha sido componente da estratégia para desviar votos de Isael, o tiro foi no pé do cérebro que pensou nessa possibilidade.

Se Rosas, também hipoteticamente, compusesse a mesma ideia de combater ao lado de Vito?

O moço teve 3.664 preferências, quase 13% do total atribuído ao prefeito.
Daí, Vito+Myriam+Rosas = 38.738 votos para quem está hoje no poder.

Sabem o que aconteceu?

Deixaram a metralhadora na mão de quem não entende de usar armas corretas na hora do combate justo, respeitoso e não dissimulado. Estouraram com os próprios pés.

Notem estarmos tecendo suposições, não afirmando e, muito menos, acusando.

É um passeio mais crítico e diferenciado sobre os números e possibilidades.

Esqueçamos os nulos, brancos e abstenções. Esses, naturalmente, não contariam em nenhuma outra consideração ou hipótese.


Os votos aparentemente mais descompromissados desse elenco de guerreiros seriam, então, do Wilton Carteiro. Apesar de o mesmo constar, em nossa ideia de "cartel político", como terceira opção "não Vito".


Trocando em miúdos:

A ideia de "puxar" eleitores de Isael para um dos outros quatro, foi "pro brejo". 
E é simples entender: se o povo estava descontente com a atual administração, na cabeça dos marqueteiros do prefeito poderia dar certo carrear essa insatisfação para outros nomes parceiros. Daí teriam surgido esses adversários para não deixar a insatisfação transmutar-se para esperança em Isael.

Acontece, porém, que se a constatada insatisfação era para com quem está no poder e não para quem estava na reserva do poder, por direito constitucional de estar na reserva, não há como considerar os tropeços da gestão atual serem  culpa de quem não detinha o cargo de gestor. 


Percebe-se que - nessa nossa ótica - a Esperança superou a Insatisfação. 


Os votos para Myriam, Luis Rosas e Wilton contém grandes doses de opinião dissidente, algum tanto de primeira experiência e um "tequinho" de "vou votar em qualquer um".

Já para os lados de Isael Domingues percebo ter havido certa migração dos eleitores cansados de serem envolvidos por uma falsa "felicidade" e decepcionados com muitas coisas prometidas e ainda devidas.

Além disso, é consistente vermos grande parte do eleitorado jovem que acompanhou Domingues nos comícios, levando apoio a todo seu time de candidatos a vereador. Gente nova, muita gente jovem e parceiros experientes e conscientes de sua decisão em mudar.

Enquanto muitos apoiadores de Vito se expunham exageradamente nas redes sociais, apregoando as belas, grandiosas, importantes realizações do prefeito e, na réplica, eram criticados e "vaiados", outros adversários corriam trecho, anunciavam suas propostas e pediam votos.

Aliás, outro tiraço no pé foi a ideia de caminhar, em vez de "comiciar". Um verdadeiro arrastão de candidatos, assessores, cabos e soldados políticos invadindo ruas. Sem contarmos a "zueira" dos carros de som. Tudo isso incomoda, perturba, atrapalha a vida do cidadão comum.


Toda a coligação se despejava no mesmo local, na mesma hora.

Fotos para o "face" eram disparadas de todos os lados. Mas só se viam assessores, inclusive comissionados. Não "vingou" a ideia.

Parte da derrota de Vito Ardito se deve à falta de "jogo de cintura" de quem fazia postagens nas redes sociais. Muitos desses partidários passaram a ser motivo de deboche puro, por parte até de outros da mesma bandeira.


Mereciam do líder um "Cala a boca, Galvão!".


Bem, janeiro está logo ali, já mostrando a carinha. Ainda dá tempo de serem postadas mensagens de agradecimento.


Afinal, quem pede e recebe, por ética e educação precisa ser grato. Gratidão. Fica a dica.


É a minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36001
Jornalista Independente, não filiado à AJOPI.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O CHINÊS DEIXOU CAIR PRATOS (ou: O 22 VALE MAIS QUE O 45)

É preciso entender certas diferenças.

Meu pai ensinou-nos o respeito, para respeito praticarmos e sermos merecedores do mesmo.

Humildade, sem humilhação, é patrimônio próprio de tantos quantos a exerçam para, com dignidade, somarem seus ideais e desenharem seus caminhos com olhos de muita esperança.

Deus, não só como símbolo de alguma religião, mas, acima de tudo, por ser o único Norte de não perdermos o rumo, precisa ser e estar em nossa existência, “full time”.

Competitividade, com lealdade e foco nos objetivos, é próprio de quem se nivela com os demais cidadãos. Apesar de se estar assumido no poder, essa igualdade só pode resultar em conquistas coletivas, consistentes e consolidáveis, beneficiando a todos, indistintamente quanto à raça, cor de pele, credo e preferência política.

Há algum tempo, observava-se, em Pindamonhangaba, um discurso monocórdio, repetitivo e irreal. Havia a constante afirmação de o prefeito se dizer feliz e estar fazendo o povo feliz.
Por onde passava, a ladainha se despejava automática e, até certo ponto, evasiva, na hora de qualquer pronunciamento ou justificativa a algum questionamento.

Estar “Feliz” não é correspondente a um estado de tristeza, decepção, carência totalmente manifestado pela população. O povo, em sua maioria, não entendia ser, a felicidade, prerrogativa do gestor municipal.

Percebendo a fuga em dar respostas de solução, dentre outros problemas, o povo de Pinda não estava feliz. Felicidade? Onde tem e quanto custa?

A aparente possibilidade de encontrar portas abertas para uma conversa sobre problemas do cotidiano com quem mais entende de cotidiano, que é o cidadão de todos os instantes, não acontecia pelos lados do Paço Municipal.

Uma incrível rede de filtros fazia o cidadão desanimar, se ofender ou obter ajuda de modo completamente adverso do esperado. Muitas vezes um sorriso bem colocado mascarou o pouco caso em atender. Pelo simples fato de os responsáveis pelo atendimento não entenderem sobre fraternidade, comprometimento e isonomia.

Então, em seu gabinete, o prefeito poderia acreditar e apregoar que administrar um município seria como o trabalho do artista chinês equilibrista de pratos, em um circo. “Qual prato é mais importante? Todos”, costumava dizer.

Mas o chinês de dentro de seu universo vacilou. Perdeu a noção do tempo e deixou cair. Não um, mas vários pratos. Os pratos da compreensão, da humildade, da resposta sensata e sem fantasia, da acolhida. Assim como o prato da sinceridade e o da igualdade.

O povo, exaurido de ser colocado num paraíso fictício, ergueu sua voz por sobre um conjunto de números, confirmando sua vontade de mudar. Bateu no peito e disse firme e forte sua esperança de mudança.

Se experiência faz a diferença, o povo experimentou mais de 3 anos de poucos resultados. Isso, definitivamente, fez a diferença. Na escala de valores, o 22 passou a valer mais do que 45.

Nestas eleições municipais, em Pindamonhangaba, o placar final foi como adentrarmos as águas de uma bela e aconchegante cachoeira, com a devida permissão das entidades sagradas da Natureza, para um inebriante banho de lavar a alma.

Lavei a alma, retemperei minha mente, recuperei a calma. Cada gota de felicidade que escorria de meus olhos (claro que chorei de alegria) parecia despejar todos os calos de maldade incrustados pelos incompetentes em meus sentimentos. Durante três anos provei o amargo sabor de reclamar meus direitos diante de pessoas insensíveis, arrogantes e sem talento para atender quando questionadas.

No domingo à noite, festejando a vitória de uma verdadeira família, abracei e cumprimentei cidadãos anônimos, por ser eu um anônimo tão feliz quanto tantos incorporados da mesma possibilidade de ser melhor considerado, mais respeitado e jamais ultrajado por ter escolhido o caminho de nos levar para dias de grandes conquistas.

Peguei na mão de minha esposa e voltamos para casa sabedores de termos votado com muita confiança em quem nos revelou ser confiável.

Para o final do ano restam menos de 3 meses.

É imprescindível aos atuais detentores do poder compreenderem a vontade da maioria e deixarem, para os novos responsáveis pela cidade, uma herança que represente, pelo menos, um mínimo de respeito à escolha popular.

Desta forma, estarão promovendo algum teor de remissão de seus atos unilaterais os quais devem ter provocado muita tristeza em inúmeros lares e famílias da cidade.

Para finalizar: Estar ou ser Feliz não é exclusividade de alguns. Se souberem o valor de compartilhar, correta estará a frase: “Todos somos felizes”.

A “Lei do Retorno” é como o bumerangue: quem não sabe conviver com ela, pode se machucar.

É a minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36.001
Jornalista independente, não filiado à AJOPI.