Nos tempos de Instituto de Educação “João Gomes de
Araújo” (em Pinda), era comum o chamado “papo de jacaré” entre os estudantes.
Havia um desses ti-ti-tis citando absurdos como “o sol apareceu à meia noite,
enquanto eu pedalava montado em um jerico”.
A moçada inventava para o resto se debulhar em gargalhadas...
A moçada inventava para o resto se debulhar em gargalhadas...
“Acordei, hoje pela manhã, bem de noitinha. Abri a
janela da minha sala e, do quarto de dormir vi uma vaca malhada pulando de
galho em galho, enquanto o cachorro corria atrás de um rato e o gato lia o
jornal, debruçado na frigideira”... Essa eu ajudei um colega de classe a
“bolar”.
Uma vaca malhada pulando de galho em galho. Sem cair,
apesar do peso.
Pular de galho em galho – segundo o saudoso João
Martins de Almeida, exemplo de professor e elevada personalidade de amigo, era
próprio do comportamento de símios, como gostava de dizer. “Sem nos esquecermos
do Tarzan”, completava em suas conversas de amenizar a tensão durante a
correção de exercícios propostos para serem resolvidos diretamente no quadro
negro.
Tarzan! Aquele das histórias em quadrinhos, dos
filmes na telona, ainda em preto e branco, cujo principal intérprete foi Johnny
Weismuller, na vida real atleta de natação, recordista mundial por 67 vezes,
medalhista de ouro olímpico nas edições de 1924 e 1928 (cinco pódios). Estrelou
12 produções para o cinema, cedendo seu talento de campeão para a personagem
criada por Edgard Rice Burroughs.
Tarzan, além do incrível grito que dava, voava de um
galho para outro, com ajuda de cipós e até sem os mesmos, quando a distância
era curta. Johnny, por sinal, nunca permitiu o uso de dublês para as cenas mais
“complicadas”.
Senhor das piscinas olímpicas, Weismuller vivia
Tarzan com sobra de tranquilidade. Sabia pular de galho em galho e, enquanto
personagem, conhecia sobre qual galho não pisar ou no qual não se dependurar.
Nos rios dos filmes se sentia peixe dentro d’água...
Para vocês terem uma ideia da influência de Tarzan
Weismuller na história de juventude de muita gente, se puderem observem a capa
do vinil Sgt. Pepper’s, dos Beatles, verão – bem acima da cabeça de Ringo
Starr, uma pequena foto de Johnny Weismuller, escolhida por McCartney que,
segundo consta, admirava o grito de Tarzan.
Pular de galho em galho está em alta, no país
continente de Pelé, Senna, Dumont, Cazuza. Cazuza?
Sim, aquele do “Que país é esse”!
Pois é... Que país, hein seu Zé?
Há quem pula de galho em galho, focando seus pulos no
modo mais cômodo de se garantir num “carguinho” de poder continuar passando
pela vida... Vida política, principalmente.
Não está bom aqui? Pula para lá. Se estrumbicou lá?
Pula para acolá! (Essa é a receita do macaco político).
Macaco político. Boa definição para quem fica numa de
“pra onde é que eu atiro”?
Meu sábio pai ensinou: macaco que muito pula, quer
chumbo. E chumbo, na política, é "chumbo grosso", pior do que tiro de
sal grosso! (Nos tempos de criança os fazendeiros usavam sal grosso para
espantar ladrões de galinha).
Pois então: há, nesta terra de tradições, gente que
só pretende cargo, sem necessidade de trabalho. Até descaracteriza sua
objetividade, por conta de algum bem cotado galho possível de ser alcançado.
Isso mesmo: buscam pular para outro galho, quebrando o galho para não sair da
cena política e esta, por conseguinte, passa a ser sua catapulta de alçar pulos
mais longos, intentando galhos ainda não ocupados, garantindo a “engorda” de
suas finanças. Algumas vezes conseguem essa engorda para os bolsos e alguma
conta não muito explicada num banco qualquer.
Se macaco que muito pula quer chumbo; macaco gordo é
capaz de quebrar galho podre. Galhos podres sobram por aí, nas árvores da
politicagem interesseira, sem fundamentação ética para conduzir destinos da
cidadania supostamente anônima mas que, pelo menos em tempos de eleições, tem
nome/sobrenome/endereço/data de aniversário.
Explico: essa macaquice toda favorece a montagem de
um fenomenal banco de dados da população e, daí – quando precisa – o macaco, ops!,
o político saberá com quem está falando e qual tratamento deve dar a esse
“quem”. Logicamente qualquer tratamento dispensado pelo macaco político é com
regras em um perfil pré-estabelecido, pois não convém (ainda segundo o político
pulador de galhos) deixar o eleitor bem informado sobre suas reais intenções.
O que o macaco quer é nadar de braçadas nas águas do
nada fazer a não ser desfrutar do resultado das urnas. Daí, o povo que se
estrepe, que se arda, que se dane. Assim mesmo!
Para encerrar: macacos puladores de plantão que se
cuidem. Tem gente de bem, disposta a não deixar serem quebrados galhos e, isto
sim, serem eleitos cidadãos comprometidos com a decência, dignidade e ética.
Afinal, Tarzan buscava defender o lado certo da vida
na selva. Cazuza denunciou a selva de irresponsabilidade que o país enfrentava
e ainda enfrenta. Os dois já não existem; mas, um recado nos deixaram: vale
gritar, lutar, denunciar.
Os macaquinhos alucinados da política rasteira é que
precisam entender ser, a atualidade, desprovida de ficção e mais exuberante em
realidade. Pela realidade, o povo já não suporta mais a cara de pau desses que
se travestem de “politicamente corretos” e desandam a pular galho após galho.
Merecem "chumbo grosso", com o povo usando sua arma na hora de ir às
urnas.
Que vão macaquear olhando para um espelho, pagando
mico da própria cara...
É a minha Opinião.
Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36.001.