Vamos especular um pouco?
(Texto de Marcos Ivan de Carvalho)
Os dicionários definem “especular” como o ato de
estabelecer conjecturas, examinar, avaliar, olhar com mais atenção, buscar
entender por meio da razão, investigar...
Para muitos, especular é prática de pessoas maldosas
ou com foco num resultado mais favorável para elas. Muito comum no mercado de
ações, a especulação muitas vezes contribui para o erguimento de uma empresa,
mesmo sem objetivo de se derrubar outra do mesmo segmento.
Segundo o educador financeiro Mauro Calil,
fundamentando-se na original da palavra, especular é habilidade de quem
consegue enxergar primeiro algo ainda um tanto obscuro para outros.
Curiosamente, especular é olhar com cuidado,
examinar, conforme dicionários consagrados.
Espéculo, para ilustrar, é instrumento utilizado em
medicina e sua função primeira é a de abrir, alargar espaços para melhor
visualização por parte do profissional de medicina. Em ginecologia, espéculo é
comumente chamado de “bico de pato”.
Juntando tudo isso num liquidificador, não há como
afirmar que o especulador tem que fechar o bico para não pagar o pato.
Geralmente, é a especulação que faz soar o despertador de muitos que por aí
circulam se achando irrepreensivelmente os melhores em tudo. Principalmente na
área da política.
Por isso, o convite para especularmos um pouco. Só um
tantinho assim...
Uma das grandes dificuldades da atualidade, em nossa
cidade, é a tarefa de desentravar o sistema de atendimento à Saúde, apesar de
todas as ações desenvolvidas pela Administração Municipal.
Ontem mesmo, numa fila de padaria, ouvia senhoras
conversando sobre a dificuldade em obterem atendimento num dos postinhos de
Saúde. “Tem dia que falta remédio; noutro dia falta médico”, disse uma delas.
Em nossa profissão, pelo menos pessoalmente, busco
ponderar ao máximo no momento de trazer para a palavra escrita o que penso e sinto.
Em assim sendo, reportemos-nos à Saúde.
Quando de sua posse, em conversa com a imprensa, o
prefeito Vito Ardito declinou, um a um, os nomes componentes de seu staff de
trabalho inicial.
Dr. Edson Mergulhão foi nomeado para a pasta da
Saúde, parece não ter rendido ou conseguido render o suficiente ou, ainda,
preferiu seguir sua carreira na medicina. Teria se sentido um peixe fora d’água?
Outro médico, o vice-prefeito Isael Domingues foi
convidado e assumiu a pasta e também não seguiu em frente. Vito Ardito
“transferiu” para Pinda a então diretora regional de Saúde, Sandra Tutihashi,
atualmente no cargo.
Apesar de todos os esforços, continuam ainda alguns
cacos de vidro na Saúde. Aliás, o Brasil inteiro está no meio de vidros
quebrados...
Isael é pré-candidato à cadeira do Executivo, por
outra legenda que não a do atual gestor. Ambos, aparentemente, se suportam por
conta da ética, já que Isael não vacou o cargo. João Bosco, quando com João
Ribeiro, pegou o boné e se mandou...
Daí, em oportunidades várias, circulam recados de
ambas as partes sobre as diferenças surgidas e, agora, acentuadas por conta da
adversidade política. Argumentos de pré-campanha, já que em outubro tem a
gincana das urnas.
Ainda especulando: Isael é vice e,
constitucionalmente, tem direito a perceber remuneração como tal. E o que faz o
vice, enquanto não exerce a função como substituto do chefe do Executivo?
“Um dos cargos que mais gera dúvida é o de
vice-prefeito. Esse político é o substituto do prefeito, na hierarquia do
Executivo municipal. Em casos como exoneração, cassação do mandato ou ausência
do prefeito, o vice-prefeito deverá assumir as suas atribuições em seu lugar.
Durante o pleno exercício do prefeito, o vice-prefeito fica responsável por
tarefas administrativas de auxílio. O prefeito pode delegar funções e
responsabilidades para essa pessoa, desde que esteja dentro da descrição
inicial do cargo. (Juliana Soares, www.explicatudo.com).
“Assim, o Vice-Prefeito responde pessoalmente pelos
atos por ele praticados, nos limites das atribuições que lhe foram conferidas
pela Lei Orgânica Municipal, assim como pelos atos praticados quando em
substituição ao Prefeito, momento em que suas responsabilidades e limites são
os mesmos definidos aos Prefeitos”. (http://portal.cnm.org.br/v4/XIIIMarcha/images/Vice-Prefeitos.pdf).
Então, vamos tecer algumas malhas:
Se Vito Ardito não carrega o mesmo defunto com Isael
segurando na outra alça, poderia delegar funções e responsabilidades a este?
Perdeu a confiança ou seria capricho político? Dizer que Isael fugiu, entregou
o cargo de secretário de Saúde é argumento para tirar votos? Ou perda de tempo,
em vez de falar de suas ações pela comunidade?
Ponderemos: Isael sendo candidato, quem estaria como
vice? Um mistério ou uma incógnita especulável?
Luiz Rosas seria produto de marqueteiros, ao estilo
do acontecido na eleição passada, quando surgiu Gugu Mello? Esse, segundo se
percebeu, nasceu para desestabilizar Paulo Torino, frontal adversário de Vito
Ardito na época.
Outro “pitaco”, neste “samba do crioulo doido”
(Salve, Sergio Stanislaw Ponte Preta Porto!): Um dos vereadores da Comissão de
Saúde me confidenciou, de passagem, durante uma inauguração, que – em sendo
convidado pelo prefeito – aceitaria a vaga de vice na chapa deste. A comissão
tem três membros, todos bem relacionados com Ardito. Sem contarmos a possibilidade de uma atual
secretária ser a opção surpresa para somar na chapa, conforme especulam colegas
de rádio.
Sem arrebentar a corda “Mi” do cavaquinho, outra
aliança seria uma dobradinha a qual, em outras épocas, daria belo duelo de MMA:
Vito e Torino.
Daí sobraria quem? Gugu Mello continuaria, como
produto da caixa de ferramentas do tucano agora aliado ao afilhado de Paulo Skaff,
este coincidentemente com aparências tucanas?
Vamos virar a panela, misturando de novo: Torino
sairia vice de Rosas, deixando Vito escolher outro parceiro de chapa, para
confundir o eleitorado e dispersar a concentração de votos possíveis a Isael?
Naquele tradicional joguinho de víspora (ou bingo)
sempre surge alguém pedindo para “sacudir o saco”, mudando as possibilidades de
sair esta ou aquela pedra.
Mexamos o saco. Isael seria a pedra da vez?
Um considerado amigo meu trouxe-me à lembrança o ano
de 1988, quando João Bosco era destaque, com toda opinião a seu favor, inclusive
a imprensa. Mas o povo tinha outra opinião e elevou Vito ao Executivo.
No jogo da verdade, a garrafa apontaria quem para se
retirar da disputa? Vai que seja Vito Ardito o indicado pela garrafa da opinião
popular?
Restariam: Luiz Rosas, com ou sem Torino; Torino, com
ou sem Luiz Rosas; Isael, ainda não sei com quem. E Gugu Mello, idem. Há
possibilidade de ser Isael mais Gugu?
Ah! Tem pimenta nesse vatapá! Já circula, entre Jornalistas
Independentes, a indicação do apoio de Myriam Alckmin à plataforma de campanha
de Vito Ardito, que tem, pelo menos nestas sondagens, o apoio de Paulo Skaff,
chefe de Paulo Torino enquanto SENAI/FIESP. A contrapartida seria o apoio de
Vito para Myriam tentar um assento na Assembleia Legislativa do Estado de São
Paulo.
(Abrimos parênteses aqui para cumprimentar ao
jornalista Aércio Muassab, sogro da Myriam Alckmin, pela instalação da nova
diretoria da recém-criada AJOP – Associação dos Jornalistas de Pindamonhangaba.
Muita gente presente, inclusive Vito Ardito, alguns secretários, parte do staff
de apoio. Até no cerimonial houve contribuição do pessoal do prefeito).
“Vixe”, diria seu João Baiano. Haja pimenta!
Nas filas de bancos, postos de Saúde, ônibus, INSS,
dentre outras, os comentaristas anônimos referem muito desencanto para com o
atual gestor. “Ele bate no peito e diz que ‘tá muito feliz com isso ou aquilo. “Nóis”
não estamos”, disse um aposentado em conversa com outro, na fila da sorte, numa
lotérica de Pinda.
Mas, diriam alguns, e os vices? Como estariam “distribuídos”?
Bom, daí é um jogo de adivinhação mesmo, pois das
ilações acima, especuladas do conhecimento prospectado, a omelete vai frigir
muito ainda.
Na hora de ver “quem tem garrafas pra vender”, pode
ser de acontecer uma virada de rumo. Trocando em miúdos: vai valer quem tiver
mais balas na agulha, sem a necessidade de considerar a escolha popular a qual,
possivelmente seja contrária aos anseios de quem hoje busca recondução ao, como
diria um conhecido manobrista político, “palácio de cristal”?
As fichas estão espalhadas, nenhum croupier compra a
aposta nessa mesa.
Então, enquanto não houver a consolidação das
dobradinhas prefeito/vice, fica tudo no plano do “será que vai ser assim ou
assado”?
Nas eleições passadas certa parte da estratégia deu
certo, apesar de outro consagrado estrategista ter ficado só com a palha do
milho. Por conta de não querer ficar no cativeiro sozinho, sem sua equipe de
confiança...
Daqui a pouco, alguém surge com outra informação,
tudo ganha forma, se encorpa e poderemos comentar novamente.
Até isso acontecer, parafraseamos o saudoso professor
João Martins de Almeida: “fiquem “craneando” o que dissemos”.
A palavra do povo é grande fonte de informações e,
aqui em Moreira César, tem muita gente que sabe de muita coisa. Vou especular e
depois conto, se me contarem...
Em tempo: retaliações são improcedentes, pois não passa de especulação.
Minha Opinião.
Marcos Ivan de Carvalho
MTb 36.001