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quinta-feira, 23 de junho de 2016

SOBRE REIS E JUSTIÇA.

Lembram-se do Reizinho, aquele das histórias em quadrinhos?

Gordinho, divertido, sorriso inteligente (subjetivo sob a longa barba), criação de Otto Soglow.

Tinha um reino o qual extrapolou as tiras dos periódicos americanos e ganhou páginas das revistas de quadrinhos.

Breves histórias, muitas sem a necessidade dos balões de diálogo, haja vista a genialidade de Soglow em bem ilustrar cada situação.

Numa das páginas, Reizinho está reunido com seu staff e observa como não havia entendimento entre os camaradinhas que ladeavam a mesa encabeçada por ele.

Reizinho chama seu cargo de confiança e pede para que providencie sua pasta de documentos secretos. A pasta chega, reizinho a abre e retira diversas revistas de quadrinhos e começa a ler o conteúdo das mesmas.

Mesmo assim, Reizinho não empurrava as coisas com a barriga, apesar de ser obeso.

Por um tempo, inclusive, foi parafraseado (ou parodiado) pelo comediante Jô Soares, com críticas subliminares ao governo da época. Inclusive num dos quadros levados ao ar pela Vênus Platinada (favor não confundir com “pra ti, nada”!),

Reijozinho aborda a temática atualíssima sobre “mamar nas tetas do poder”. Com bigode ao estilo Zé Sarney, o Reizinho do Jô era extremamente centralizador, como muitos de hoje em dia. Algumas outras vezes, dava exemplos de “empurrar com a pança” para ganhar tempo, fazendo as pessoas perderem tempo de reagir.

Empurrar com a barriga seria próprio de reis obesos? Ou daqueles tantos centralizadores desejosos de manter a rédea curta de seus guiados? O bridão do domínio administrativo é perigoso, pois quando muito curto, pode provocar a ira de tantos quantos estão sob a doma do aparente reizinho...

Daí, não há domador (leia-se centralizador) capaz de conter a avalanche de problemas surgidos com a revolta dos quais se imaginava domador dominador.

Nos reinados, conforme consta, havia o Bobo da Corte (seria hoje nosso povo?), o Camareiro Real, o Cozinheiro Real, o Armeiro Real. Todos, logicamente, cargos de confiança. Ao Bobo, além de buscar alegrar o Rei, cabia – também segundo informes de fonte fidedigna – provar os alimentos destinados ao Rei. 

Seria provar do próprio veneno?

Pois bem. Pelas bandas de nossos tempos, há quem se exime de cumprir prazos, projetando a barriga por sobre os direitos do povo, assumindo para si o direito de ser o dono das escolhas, mesmo em se tratando de instantes quando a inabalável haste horizontal da balança da Justiça não oscila para seu lado.

Quem centraliza o poder não tem noção de como é estúpida a centralização, pelo simples fato de ser foco único das demandas, das denúncias, das cobranças. Até mesmo por parte de seus assessores, os quais se fiam da condição de confiados e não desconfiam do espaço que seus pés têm do precipício.

A Justiça é salomônica, ímpar, dando-se o direito de vedar seus olhos aos interesses particulares, muitas das vezes não tão claros quanto à objetividade dos envolvidos.

Quando uma decisão justa é propagada, parece festa no galinheiro com a chegada de um galo novo. Todas querem ser cortejadas, paparicadas, reivindicando para si o direito de terem visto primeiro o novo “rei do terreiro”.

Durante embates jurídicos, muitos daqueles assessores do Rei Centralizador se escondem nas pirambeiras de seus interesses pessoais, não opinando para não tomarem postura diferente da desejada pelo chefe.

Porém, com o anúncio da decisão quando da causa julgada, trombetas do reino gritam para anunciar que alguém de lá, se não o Rei, é autor da solução, “pai da criança” e propaga as mentiras de tanto esforço supostamente desenvolvido para a solução ser a anunciada.

Num reino não muito distante, a espada da Justiça tem a tarefa de expurgar muitos daqueles escolhidos pelo Rei. Na verdade, os servos mais humildes também estariam na mira da mesma lâmina, por conta da falta de providências desde o tempo no qual o rei não estava – ainda -contaminado pela centralização.

Era rei novo.

Aliás, na Idade Média, os senhores de castelos tinham direito à primeira noite de toda jovem recém-casada. Era um costume, até mesmo uma espécie de ritual.

Agora, atormentado por um grupo de oportunistas, falsos bem-intencionados, não deve saber o que resolver para contrariar a decisão dos promotores da Justiça.

Vai dar barrigadas, tentando expandir prazos? Com isso, certamente, haverá muita gente disputando as tetas.

Se não tiver mais argumentos para empurrar com a barriga, vai provar do próprio veneno de quando ignorou o que era justo fazer: muitos de seu time não terão controle emocional para suportar a pressão da espera no cumprimento de prazos e, pior ainda, sem saber quem vai passar a última noite com o rei, já que a primeira noite, na Idade Média, era a virgem recém-casada...

Atualmente, os reis não se preocupam em obedecer aos costumes ditados pelas normas de boa conduta e buscam, até, não deixar sobras para seus súditos. Passam o rodo em tudo e todos que se danem. Tem valor quem estiver do seu e ao seu lado. Mesmo quando a incompetência está gravada na testa ou nos procedimentos de seus lacaios.

Muitos outros se avizinham dos portais do reino, acreditando terem oportunidade de sentar à mesma mesa, saborear do mesmo manjar e fazer parte do seus aparentes líderes. Porém, lembrando mais uma vez, reis não abrem mão do poder. Esse namoro acaba e muitos, sem terem a chance das tetas, terão o milho comido na palma da mão real...

Ainda bem que não vivemos num reinado e o povo pode votar, escolhendo seus líderes e não seus carrascos. E o rei precisa tomar cuidado com seus franco atiradores, pois a metralhadora está mirando para os pés e não para o alvo.

Existe muita gente circulando pelos corredores do castelo real, sem noção de que um simples gesto pode derrubar o senhor do trono...  

Basta saber denunciar e exercer seu direito de não mais ser simplesmente conduzido, mas, sim, ajudar na construção...

Daí sim, vale fazer festa a cada inauguração...

É a minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho, jornalista independente, MTb 36.001

domingo, 12 de junho de 2016

DESCUIDO OU BURRICE ELEITORAL? (Texto de Marcos IVan)

A história do futebol paulista contém inúmeras curiosidades, muitas das quais se transformaram em tradição junto aos torcedores de cada uma das agremiações envolvidas.
Taubaté, por exemplo, sedia hoje o carinhosamente apelidado Burro da Central, ou o Esporte, ou, ainda, o Taubaté.
Mascote do E.C. Taubaté (Divulgação)
Mas como surgiu esse apelido? Foi por conta de um descuido, lá pelos idos de 1954, quando o ainda Esporte Clube Taubaté disputava Segunda Divisão do Campeonato Paulista. Jogando no campo do Bosque, havia goleado o Comercial de Ribeirão Preto pela contagem de 6 a 3.
Posteriormente ao jogo, o time perdedor denunciou uma irregularidade na formação do Taubaté, quando Alcino, atacante, entrou em campo sem ter sua documentação regularizada para defender a camisa azul e branca do Taubaté. Resultado: o Comercial se classificou para continuar no campeonato, ganhando os pontos mesmo em sendo derrotado no campo de jogo.
Thomaz Mazzoni, jornalista de “A Gazeta Esportiva”, batizou o E.C. Taubaté como “Burro da Central”, numa referência – inclusive, à ferrovia que passava pela cidade. O apelido “pegou” e hoje o Taubaté é carinhosamente chamado de “Burrão”, cujo centenário foi comemorado com grande destaque pelo SESC Taubaté, entidade que montou mostra comemorativa.
Enganos existem.
Alguns realmente por descuido, outros certamente por conveniência...
Principalmente nos meios políticos, quando, conforme diz meu irmão-amigo de profissão João Paulo Ouverney, o perdão deve ser dado quantas vezes for interessante para quem o mesmo é solicitado.
Incrível é sabermos, neste meandro político, existirem pessoas “encarregadas” de cometer erros, enganos ou esquecimentos simplesmente para “livrar a cara” deste ou daquele cidadão, aparentemente de boas intenções quanto às coisas de vencer para somar bons resultados à população, mas enormemente focado em não ter que dispender tempo e “tempo” com muitas pessoas as quais, “de fachada”, seriam interessantes quando ao lado do citado político de aparentes boas intenções.
Na verdade, esse tipo de profissional da política, em muitas das vezes, nomeia alguém para um “cargo de confiança” capaz de arrebanhar para si as atenções de muitas pessoas precisadas de controle para não se dispersarem e, se isso acontecer, possam vir a “jogar no time adversário”.
Então, esse cargo de confiança, pago para protelar, enrolar, desviar a atenção ou prender a atenção, é capaz, ainda e principalmente, de “esquecer”. Deixa de dar recados, não providencia documentos, não telefona para cicrano ou beltrano, espera vencerem os prazos, perde cópias de documentos...
Resumindo: “cozinha o galo” ou bota no “freezer” quem é perigoso se vier a jogar contra o seu time, mas que não serve para o senhor do castelo ao qual serve. Com isso, deixa de realmente respeitar o talento e as qualidades de trabalho e opinião dos colocados à margem das ações em tempos de campanha.
Sabemos de fatos acontecidos recentemente, aqui pelas terras de Bicudo Leme. Houve muita gente a qual já se considerava com direito à pré-candidatura de vereador, por uma suposta coligação forte da cidade. Quando esse pessoal foi buscar informações, a pessoa responsável pelo esquecimento cumpriu o roteiro estabelecido e conseguiu se esquecer, realmente, de providenciar transferências de um partido para outro, dentro do prazo estabelecido pela legislação pertinente.
Uma burrice patrocinada!
Em tempo, e fazendo justiça ao muar tido como idiota, ele é muito mais inteligente comparando-se à pessoa profissional do esquecimento.
Simplesmente pelo fato de, em havendo chiadeira por parte dos esquecidos e essa chiadeira beirar os limites do sustentável, o (a) “esquecedor (a) ” profissional também poderá ter seus valores esquecidos e ganhar um sonoro pontapé na região glútea...
Nenhum interessado em esquecimentos se esquece de que, em sendo o serviço mal feito, terá o direito de esquecer o esquecedor descuidado em seu fracasso profissional.
Daí, poderíamos plagiar Mazzoni e alcunhar essa vítima do próprio descuido como “Burrão Eleitoral”?
É preciso que os detentores do poder de decisão, na hora de escolher candidatos, assumam a responsabilidade de não exporem e, muito menos, não magoarem sentimentos e ideais.
Do contrário, muita água pode rolar por cima de suas pontes nos caminhos de chegarem ao topo. A força da água é capaz de provocar solapamentos e, com isso, o caminho do castelo naturalmente ficará mais distante, senão impossível.
Fica a dica, nessa minha Opinião.
Marcos Ivan de Carvalho
MTb. 36.001