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terça-feira, 27 de dezembro de 2016

CARTA ABERTA AO PREFEITO ELEITO DE PINDAMONHANGABA, DR. ISAEL DOMINGUES.


Carta aberta ao novo prefeito de Pindamonhangaba
(Quem quiser, pode assinar junto. É uma carta aberta)



Senhor Isael Domingues:

Inicialmente, o cumprimento pela posse, em 01 de janeiro de 2017, com os mais sinceros votos de gestão de pleno sucesso e bons resultados.

Sem lhe faltar com o respeito como futura autoridade e como cidadão, permita-me expor alguns pontos os quais considero interessantes, sob meu foco pessoal.

Durante sua campanha, seu objeto principal foi chegar ao topo da tábua de resultados para conquistar o direito de ser o gestor do nosso município.

Isso ficou claro em cada linha de seu discurso e de seus parceiros de caminhão e caminhada, inclusive sob as bênçãos políticas do deputado Padre Afonso, cujo partido apoiava seu frontal adversário.

Considero não ser necessário, de sua parte, afirmar ter recebido uma Prefeitura em frangalhos financeiros ou administrativos. Clara está a não obrigação pessoal do atual gestor em lhe dar tudo “na bandeja”. Uma questão de escolha ética, talvez até como “troco” pela derrota sofrida.

Simplesmente por se tratar de objeto de disputa, o cargo, não houve nenhum condicionamento, de sua parte – e nem poderia haver – sobre estar ou não de acordo com o que lhe seria deixado como “herança” para depois aceitar, ou não, a principal cadeira do Executivo. O senhor deve ter calculado o risco de ser gestor do município da forma como o encargo lhe fosse passado.

Faço público o meu desejo de ver sua administração (e do staff completo) verdadeiramente transparente, com as luzes da verdade e da comunicação inteligente, clara, bem formatada, desarmada e desprovida de engabelamentos e favorecimentos.

Não confundir com administração translúcida, a qual apenas deixa vazar parte da informação, quando isto se faz conveniente. Um pecado comum a muitos gestores.
Em tempo: vazamentos são recursos muito comuns na promoção do desvio da atenção ou da não necessidade de cumprimento de promessas...

Um bem montado serviço de comunicação é essencial para qualquer gestor.
Conforme o desempenho, pode ser altar ou cadafalso.

Não coloque paredes rodeando sua pessoa e seu gabinete. Isto mesmo: paredes formadas a partir de postos de assessoria, os quais são capazes de blindar de tal maneira um líder apenas para não incomodá-lo com a verdadeira demanda de soluções por parte da população.

Seja um prefeito capaz de administrar com as portas abertas.

Portas do gabinete, do coração e da amplitude de conhecimento sobre todos os atos e decisões de sua administração. Isto não é centralizar, mas, sim, não perder a visão da gestão consciente, séria, coerente.

Afinal, o senhor, doutor Isael, é o principal responsável pelo sucesso de sua própria gestão. Ninguém mais poderá assumir toda a responsabilidade pelos resultados alcançados positiva ou negativamente.

Em falando de resultados, vamos a uma breve análise, para o melhor entendimento a respeito destas minhas considerações.

Vejamos os números das eleições:

Total de pessoas não presentes às urnas: 24.132
Votos nulos............................................ 7.550
Votos em branco.................................... 4.324
Total....................................................... 36.006

Sua candidatura obteve exatos............... 34.589
O senhor obteve menos votos, comparando com os ausentes ou não validados.

Por outro lado, quem não votou em sua proposta de trabalho e preferiu
Vito Ardito................................................ 30.455
Myriam Alkmin......................................... 4.619
Somando os dois candidatos..................35.074.

Nesta configuração, o senhor também teria perdido a eleição. A projeção ficaria mais favorável ao principal adversário se juntássemos os votos de Luis Rosas e Wilton Moreno. O total seria de 39.642 votos.

Abordo este aspecto a partir da especulação por mim apresentada, anteriormente, sobre serem os 3 outros candidatos uma espécie de “recurso” para desviar votos possíveis à sua candidatura mas, na ocasião, ainda sem definição por anular ou serem confirmados em branco.

Sua vitória não se deu, então, pela maioria da opinião a seu favor, mas, sim, por conta da rejeição à administração anterior.

É necessário considerar, ainda, uma não unânime simpatia à sua proposta de governo.

Os votos aos candidatos alternativos são, salvo engano, a comprovação da não simpatia a nenhum dos dois principais contendores, manifestação autêntica do direito de escolha.

A então promessa de mudança, a adoção de rumo novo, com visão administrativa moderna e valorizada pela presença de profissionais técnicos em seus postos de extrema exposição pública e com necessidade de acertos precisa, mais do que nunca, ser cumprida e comprovada perante a opinião popular e demonstrada, inclusive, aos até então adversários e, agora, cidadãos sob sua gestão e esperançosos na consecução de resultados capazes de satisfazerem até mesmo o mais incrédulo político de oposição.

Administrar um municípo é como ter o controle de uma enorme família. Saber e entender as necessidades, buscar solucionar problemas e conflitos com gerenciamento inteligente e de pulso firme, não permitindo abusos ou desobediências.

É ter orgulho de dizer, pública e solenemente, ser esta cidade a sua mais nova e preciosa família.
É dar exemplo de pai, para ter orgulho dos resultados de seus filhos.

Ser “pai” de uma cidade não exige compactuar com negociatas, fazer concessões suspeitas, ser benévolo com uns e permitir punições a outros.
É necessário, apenas, estar em perfeita sintonia com o legal, o correto e o decente.
Respeitar as diferenças e, delas, auferir o equilíbrio do bem gerenciar.
Chega de imoralidade, conchavos, retaliações!

É como nos tempos de menos tecnologia e mais olhos nos olhos: ter filhos em seu redor e saber deles o tempo todo. Lutar pelo sucesso deles e se orgulhar de ter atingido suas metas com o esforço do trabalho honesto, parceiro, sem rabo preso ou comprometimentos excusos.

Ser prefeito é não ter necessidade de esconder a família fora da cidade, mas, isto sim, ter orgulho de a mesma ser reconhecida e admirada.

É ter a tranquilidade de caminhar pelas ruas, viajar nos coletivos dos cidadãos comuns e ter a fronte sempre altiva e contemplada com orgulho pelos seus parceiros de viagem por este tempo de ser mais fiel a um povo, independente da opinião de cada um, mesmo quando manifesto adversário.

Por isso, trocando em miúdos, espero de sua gestão o respeito que Pindamonhangaba merece.

Sabemos que vai precisar enfrentar um leão por dia, mas, um dia – se souber e entender da luta inteligente – os leões nem precisarão ser abatidos, pois servirão como exemplo de conquista pela arte de vencer sem ferir o orgulho, a cidadania, a vida.

Ao sair de casa, todos os dias, durante os próximos quatro anos, leve a certeza de ter escolhido prestar serviços e, não apenas, se servir de um cargo político. Se apresente sempre disposto às dificuldades, cuide para ler os elogios e aceitar as críticas com instrumentos de evoluir.

Trate os Servidores de carreira com a mesma dose de confiança depositada nos seus cargos nomeados. Afinal, aqueles serão indispensáveis ao desempenho destes.

Siga o exemplo do bom dono de restaurante: alimente com recursos e amizade ao cozinheiro e ao garçom. Existe enorme dependência do bom humor deles para o cliente estar e se sentir sempre satisfeito.

Demonstre otimismo, alegria, confiança. Não manifeste felicidade se souber que o povo está triste. É um argumento surrado, tipo filme repetido, e o povo, agora, sabe questionar, exigir respostas. Não se ilude mais...

Quando o abracei e o cumprimentei no dia da vitória, pedi para que fosse o significado do resgate de nossa dignidade e cidadania, não apenas mais um político eleito.

Tenha orgulho de estar, sempre, bem apresentável para representar mais de 160 mil cidadãos de Pindamonhangaba.

Deus, acima de tudo, pelo povo, com o povo e para o povo. Esse é um exercício novo de fazer a verdadeira diferença.

Festa? Desejo que o senhor a faça daqui a quatro anos, no momento de entregar o cargo para alguém capaz de continuar seu trabalho de resgatar nossa Pindamonhangaba.

O senhor tem quatro anos para marcar seu nome na história. Faça dessa oportunidade o melhor momento para todos os dias de sua existência.

É isso.

Respeitosamente,

Marcos Ivan de Carvalho
RG 5.753.302-7
Publicitário, jornalista Mtb 36001.
Orgulhosamente filho adotivo de Pindamonhangaba.

(Quem quiser, pode assinar junto. É uma carta aberta)

PUBLICADO ORIGINALMENTE EM CANAL39

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

VIRAR PÁGINAS



Virar páginas é algo essencialmente simples, simplesmente essencial.

Desde a decisão em virar páginas até o ato de molhar os dedos nos lábios umedecidos, está contida sua intenção de saber coisas novas, concluir pensamentos, iniciar novo capitulo.

Virar páginas é missão de vida, na vida de lermos histórias imutáveis ou escrever trechos da nossa história para a posteridade.

Não é possível deixarmos nossos olhos e sentimentos ancorados no ponto final, na vírgula ou nas reticências de uma página já acontecida.

Indispensável se faz assumir nosso olhar para o topo de página nova, de tempo novo, para entendermos sobre o já lido, passado, definitivamente consolidado.

Virar páginas é ter domínio pela decisão assumida de buscar entender a necessidade de não fincar os pés da inteligência em tempo já inexistente no instante de formatar todos os tempos de agora. Corrigir rotas, repensar atitudes ou recompor emoções implica em termos conhecimentos novos, capazes de nos darem informações adequadas para nos sentirmos mais confortáveis, pacificados, resgatados. Preservados em nossa individualidade, sem onerarmos as posições alheias.

Virar páginas é trazer para frente dos olhos, notícias. É provocar acontecimentos capazes de nos atualizarem em conhecimentos, referências, caminhos.

Virar páginas é deixar, no espaço já inexistente para reparos ou consertos, as histórias e fatos mal resolvidos, mal explicados. É não valorizar, mais, os prejuízos sofridos da parte de outrem. Compete, sim, repararmos prejuízos causados. Isso é item de mochila em nossa caminhada só de ir. Resolvido, passa a ser item de página virada.

Ter a humildade de reconhecermos nossas fraquezas, nossa leitura errada do cotidiano e nos propormos melhorar nosso desempenho em todos os sentidos é a linguagem correta de escrevermos novas linhas, nova página, novo capítulo de só existirmos em consonância com a Ética, a Moral, os Bons Costumes, a Decência, o Respeito e a Dignidade de todos os indivíduos.

Virar páginas... Talvez você esteja, agora, com os lábios já umedecidos à espera do toque dos dedos.

Proceda a essa ação de se transferir para tempo novo, espaço novo, momento novo em sua história de vida.

Vire essa página. Você vai perceber os olhos secos das tristezas, o nó da garganta dissolvido das decepções e sua respiração mais plena, de estufar os pulmões e a  invadir todas as entranhas deste ser maravilhoso chamado tão somente Você.

Nunca imagine ser, a nova página, o ponto final de tudo e para tudo. Afinal, vencer é tarefa atribuída aos fortes, aos corretos, aos plenos de sentimentos e firmes nas boas intenções.

Vire a página, viva a vida, exercite a Paz.

Você é Capaz...

É a minha Opinião.

(Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36001)




segunda-feira, 14 de novembro de 2016

AEDES NO MORE? (ou "Parece tudo certo")

Outubro já ficou para trás, nos panos da história da nossa história.

Foi sinal verde para alguns, outros viram a coisa ficar preta e o rosa foi a tônica, em termos de campanha de saúde no Brasil inteiro. Discretamente pelas terras do capitão Bicudo Leme.

Novembro chegou trazendo Papai Noel parecendo um enorme pote de catchup embarcado numa aeronave de asas móveis. Festa para as crianças de todas as idades, nos mixes comerciais da região, inclusive Pinda.

Lá no alto, o helicóptero tinha como pano de fundo o azul celeste, tonalidade identificadora das campanhas Novembro Azul, além daquele baita bigodão utilizado para identificar a necessidade de os homens se cuidarem, zelando melhor pela saúde, principalmente no tangente ao exame preventivo da próstata, considerando-se o risco de câncer da mesma o qual evolue, silenciosamente, podendo levar à morte, caso não haja tratamento adequado e cuidados anuais.

Tempo de mais calor, pré Verão, ocasião de muitas águas descidas dos céus, também sugere questionamento mais forte a respeito do aedes. Aquele "mardito" mosquito da dengue, da chikungunya e transmissão do zika vírus.

Alguém, aí do outro lado da janela mundial de comunicação sabe detalhes a respeito de ações para o permanente combate ao danado mosquito ?

Um singela campanha Outubro Rosa, outra do mesmo porte Novembro Azul e "necas de pitibiribas" a respeito da dengue...

Aliás, depois que a casa caiu em outubro,dia 02, há um clima de velório mal disfarçado pelas bandas do prédio espelhado ao lado da Rodoviária...

Não há, principalmente, nenhum tipo de pronunciamento oficial a respeito das ações determinadas pelas práticas da boa gestão da Saúde Pública referindo os específicos riscos citados.

Mesmo porque, acredita-se, ter capotado na curva da história a proposta de se fazer, pelo menos nos últimos meses desta gestão, o mesmo trabalho preventivo berrado aos quatro ventos até pelos meados do ano fluente.

A verdade é que muita gente envolvida nos trabalhos ditos preventivos se envolveu na corrida às urnas e não se confirmou pela preferência popular. Porém, isso não serve de justificativa para não mais dar um pouco mais de seu esforço para o barco não afundar em meio à tanta areia chegada das infrutíferas braçadas de alcançar ou se renovar no poder público.

Vale lembrar: os riscos existem e não podem ser deixados, tão somente, para o próximo gestor dar prosseguimento ao combate. 

Esse tipo de guerra não pode, jamais, ter partido e, sim, pessoas comprometidas com sua profissão, seu cargo e sua cidadania.

A não ser que muitos desse grupo "de freio puxado" já estejam com as malas prontas para buscarem sombra e água fresca em outras regiões. Cabe destacar, neste caso: sombra e água fresca são ambientes ideais para o aedes aegypti se reproduzir. Cuidado aí, moçada desinteressada quanto à saúde coletiva...
É a minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36.001
Jornalista Independente

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

PROSA CABOCLA: PREMÊRA CAMUNHÃO (coisas di Nhô Tonho)

Patrãozinhu chamô Sá Dona, lemcasa.
Tava nóis dois catanu fejão pru armoçu de dumingo. Nossu caçula ia tomá a premera camunhão, ditardinha, na missa que Frei Dondinho ia fazê na capela da fazenda.
Sá Dona ponhô ozóio pra riba d'eu e piscô, caquela carinha di quem num sabe o qui vão falá prela.

Toquei eu suzinho, catanu fejão. Inté qui num tinha muita tranquera. Tinha é uns bagu di fava, inda nu meio da istôpa.

Repenti, Sá Dona vorta numa correria, gritanu meu nome. “Tonhu du céu, cê num querdita duma coisa, ómi!”, falô ela já na sulera da porta.

A cara da muié, pesar de sê minha nega, tava vermêia di tanto corrê di lá da casa da sédi inté in casa. “Tonhu, ganhemo uns par di rôpa nova pra missa do Chico!”, berrava Sá Dona. Inté parecia que tinha ganhadu suzinha na loteca. Só qui nóis nem tinha jugado...

Parei de ponhá os grão di fejão na penera, isfreguei as mão no panu di pratu e botei reparo nos pacoti que Sá Dona mostrava.

Ói, inté parecia que u patrão sabia das nossa precisão. Veiu vistidu novu, istampadu, as coisas di ponhá pur baxo e inté carçadu. Sem contá uns brinco e inté anér de ôro farso.
A nega se banhava di felicidade! Adespois, inda disse que dona Laurinha ia mexê nos cabelu dela, pra ela ficá inda mais formosa.

Sô Armandu, maridu dela, mandô umas carça nova, camisa tumém, par di bota preta brianu di nova. Ganhei cueca e inté uma guaiaca tinindo. Só fartô botá uns trocadus nela. Inté dei um riso marotu quandu pensei nisso.

A genti nem ponhava pensamentu nessa coisa di o patrão ajudá, mái já que mandô, era bão di a gente fazê uso. Finar di conta, era gostu da famía dele tratá bem us pião da fazenda.

Chico ia levá dona Laurinha e sô Armandu di padrinhu, na missa, i us dois já tinha mandadu rôpa prele. O mininu parecia daqueles prínces di histórinha. U neguinho já era bonitu i agora, cum rôpinha nus trinque, vixi! Qui nem dizia o pai Zecão: parecia fio di arfaiati...

Frei Dondinho rezô a missa, pregou umas palavra di respeito e amizade, serviu a hóstia pras criança, us grande fôro despois. Tevi café cum leite, bolo de fubá, bolo di chocalati, cocadinha e pipoca, pra tudu mundo. Sá Dona ficô dizóio i eu num pude carcá um gole da pinga du cumpadi Bertulino. Deu água na boca, mais a genti tem qui respeitá a muié da nossa cumpania.

Cardosinhu, violeru dus bão mermo, si assanhô tocando umas varsa e dispois uns cateretê e catira na viola caipira.

Batia umas oito hora da noite quandu u patrão si arretirô, puxando dona Laurinha pela mão. Passaram na frente da capela, si benzêro e siguiro pru bangalô.

Juntei as coisa du Chico, o caticismu e a vela da camunhão, bracei Sá Dona e toquemo reto pro nossu cantinhu. Garramu prosiá e quandu vimu, batia quasi a hora grande, meia noite.

Eu e a nega fumu pra vê o Chico, qui tava inda joeiadu, rezanu pra drumi. Inda deu tempu de iscuitá o que o mininu dizia. Foi maismenos assim:

Sabe, meu São Biniditu, u pai i a mãe tão feliz cumigo. Eu tumém, inté pisquei mais grossu pra escorrê u choru, na missa. Pai é bão moço, mãe trabaiadêra. Num dêxa eles fartá na vida desse vossu fio. Vai sê bão tê us dois inté quandu eu ficá hómi grandi e pudê cuidá dus dois. Vô iscuitá u que Frei Dondinho falô: mais vali pai i mãe pur perto du que ficá chutanu lata nus caminhu da vida. Bênça, São Biniditu. Amém”.

Oiei pra nega, chorava co's zóio lavado de choro. Isfreguei us zóio meu, disfarcei e falei pra ela que nóis tava no caminhu certu. Chico aprendeu que é bão amá quem ama a gente e respeitá tudu mundu.

Drumimu abraçadu, dispois de rezá e trocá umas passada di mão.
Trodia já ia sê segunda fêra e o batente cumeçava cedu na ordenha das vacas.
Adispois conto mais.
Finar das conta, sô o Nho Tonho, prosadô cheio de prosa...

Sempre é bom resgatarmos coisas do cotidiano das pessoas mais simples. Afinal, pela simplicidade são conquistados espaços de melhor manifestação e melhor viver.
Deixe o caboclo simples e lutador que existe em seu interior ser um pouco da sua boa energia.
Não custa nada e pode valer muito, no momento em que sabedoria e coerência precisam ser contados como valores de superar dificuldades, medos, incertezas e pouco caso.

É a minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho, MTb36.001
Jornalista Independente, não filiado à AJOPI.





sexta-feira, 7 de outubro de 2016

NÃO VI O VÍDEO DO VITO (ou: Gratidão ainda é tudo de bom!)

Os praticantes de vertentes esotéricas, principalmente, e todas as pessoas centradas na certeza de não estarem sozinhas por este plano, têm para si e para com os parceiros de viagem terrena valores incontestes como cortesia, confiança, amabilidade, sinceridade, respeito, honra, saúde, paz...

Gratidão, então, é ferramenta de se exercitar a proximidade e equiparação de valores.

Nas eleições recém findas pudemos observar, muito acentuada, a prática de discursos comprometidos com a melhor qualidade de vida, em todas as suas segmentações.

Os candidatos pediam, pediam mais, mais pediam e prometiam saber promover a contrapartida do atendimento destes pedidos quando de sua assunção ao poder.

Em Pindamonhangaba, nosso universo material e limitador de nossa capacidade de avaliação, isso também aconteceu.

Posterior a 2 de outubro, quando as urnas sufragaram nomes novos para o Legislativo e, principalmente para o Executivo, pudemos ver o perfil político da cidade.


Houve uma "limpa" no elenco de "jurássicos", fazendo com que Pinda deixasse de ser uma espécie de "Vale dos Dinossauros" ou um quase mausoléu da política. Sobreviveram ao "rapa" dos eleitores aqueles que ainda demonstram vontade de fazer melhor, tornando-se melhores.


Muitos eleitos e outros que "rasparam a trave", às suas expensas, fizeram e estão fazendo circular pelas ruas de seu ambiente eleitoral, veículos com caixas de som demonstrando a gratidão pelos votos recebidos.


Isso é o mínimo que um cidadão, o qual se dispôs representar o povo, deve fazer para promover a satisfação de quem lhe confiou um voto. Votos de Gratidão!


As redes sociais trouxeram para o universo tecnológico as imagens e falas de Isael Domingues, Luis Rosas e Julielton Modesto, os quais se envolveram na disputa para trabalharem pelo povo no prédio espelhado.


Gratidão é tudo e estes souberam se manifestar, sem muita produção artística mas com enorme dose de sinceridade.


Mas, e o atual prefeito? "Quedê a prosa dele", diria dona Benedita, minha mãe querida.

É mesmo, Cadê? Onde está?

Com uma suposta seleta equipe de assessores de campanha, Vito Ardito não compareceu às redes sociais para se expor grato pela escolha manifestada de seus 30.455 eleitores. Está certo que não deu para chegar ao topo, mas até mesmo o último dos atletas, numa competição, se faz honrado ao agradecer aplausos de incentivo.


O vídeo do prefeito, até o encerramento deste artigo, não havia circulado pela rede mundial de computadores.

Há quem diga estar, o alcaide, em estado depressivo. É preciso cuidado, pois depressão mata depressinha...

Vamos aguardar, para vermos e ouvirmos o que ele tem a agradecer...

Aproveitando o gancho e nos reportando a algumas ilações nossas anteriormente, vejamos como foi o resultado, dentro daquele quadro "previsto":

Se Vito Ardito montou um "batalhão de choque" para desviar votos do seu mais frontal adversário (ao nosso ver o verdadeiro único na oposição) conseguiu efeito reverso.


Vejamos:

Wilton Carteiro correu por fora e não representou, com todo o respeito merecido, ameaça inicial a nenhum outro candidato. 
Luis Rosas teve pouco mais do que 10% dos votos de Isael.
Myrinha ficou no terceiro lugar com 4.619 votos, pouco mais do que 15% do total do atual prefeito.
Então teríamos, numa hipótese: Vito+Myriam = 35.074.
Caso Myriam tenha sido componente da estratégia para desviar votos de Isael, o tiro foi no pé do cérebro que pensou nessa possibilidade.

Se Rosas, também hipoteticamente, compusesse a mesma ideia de combater ao lado de Vito?

O moço teve 3.664 preferências, quase 13% do total atribuído ao prefeito.
Daí, Vito+Myriam+Rosas = 38.738 votos para quem está hoje no poder.

Sabem o que aconteceu?

Deixaram a metralhadora na mão de quem não entende de usar armas corretas na hora do combate justo, respeitoso e não dissimulado. Estouraram com os próprios pés.

Notem estarmos tecendo suposições, não afirmando e, muito menos, acusando.

É um passeio mais crítico e diferenciado sobre os números e possibilidades.

Esqueçamos os nulos, brancos e abstenções. Esses, naturalmente, não contariam em nenhuma outra consideração ou hipótese.


Os votos aparentemente mais descompromissados desse elenco de guerreiros seriam, então, do Wilton Carteiro. Apesar de o mesmo constar, em nossa ideia de "cartel político", como terceira opção "não Vito".


Trocando em miúdos:

A ideia de "puxar" eleitores de Isael para um dos outros quatro, foi "pro brejo". 
E é simples entender: se o povo estava descontente com a atual administração, na cabeça dos marqueteiros do prefeito poderia dar certo carrear essa insatisfação para outros nomes parceiros. Daí teriam surgido esses adversários para não deixar a insatisfação transmutar-se para esperança em Isael.

Acontece, porém, que se a constatada insatisfação era para com quem está no poder e não para quem estava na reserva do poder, por direito constitucional de estar na reserva, não há como considerar os tropeços da gestão atual serem  culpa de quem não detinha o cargo de gestor. 


Percebe-se que - nessa nossa ótica - a Esperança superou a Insatisfação. 


Os votos para Myriam, Luis Rosas e Wilton contém grandes doses de opinião dissidente, algum tanto de primeira experiência e um "tequinho" de "vou votar em qualquer um".

Já para os lados de Isael Domingues percebo ter havido certa migração dos eleitores cansados de serem envolvidos por uma falsa "felicidade" e decepcionados com muitas coisas prometidas e ainda devidas.

Além disso, é consistente vermos grande parte do eleitorado jovem que acompanhou Domingues nos comícios, levando apoio a todo seu time de candidatos a vereador. Gente nova, muita gente jovem e parceiros experientes e conscientes de sua decisão em mudar.

Enquanto muitos apoiadores de Vito se expunham exageradamente nas redes sociais, apregoando as belas, grandiosas, importantes realizações do prefeito e, na réplica, eram criticados e "vaiados", outros adversários corriam trecho, anunciavam suas propostas e pediam votos.

Aliás, outro tiraço no pé foi a ideia de caminhar, em vez de "comiciar". Um verdadeiro arrastão de candidatos, assessores, cabos e soldados políticos invadindo ruas. Sem contarmos a "zueira" dos carros de som. Tudo isso incomoda, perturba, atrapalha a vida do cidadão comum.


Toda a coligação se despejava no mesmo local, na mesma hora.

Fotos para o "face" eram disparadas de todos os lados. Mas só se viam assessores, inclusive comissionados. Não "vingou" a ideia.

Parte da derrota de Vito Ardito se deve à falta de "jogo de cintura" de quem fazia postagens nas redes sociais. Muitos desses partidários passaram a ser motivo de deboche puro, por parte até de outros da mesma bandeira.


Mereciam do líder um "Cala a boca, Galvão!".


Bem, janeiro está logo ali, já mostrando a carinha. Ainda dá tempo de serem postadas mensagens de agradecimento.


Afinal, quem pede e recebe, por ética e educação precisa ser grato. Gratidão. Fica a dica.


É a minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36001
Jornalista Independente, não filiado à AJOPI.

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O CHINÊS DEIXOU CAIR PRATOS (ou: O 22 VALE MAIS QUE O 45)

É preciso entender certas diferenças.

Meu pai ensinou-nos o respeito, para respeito praticarmos e sermos merecedores do mesmo.

Humildade, sem humilhação, é patrimônio próprio de tantos quantos a exerçam para, com dignidade, somarem seus ideais e desenharem seus caminhos com olhos de muita esperança.

Deus, não só como símbolo de alguma religião, mas, acima de tudo, por ser o único Norte de não perdermos o rumo, precisa ser e estar em nossa existência, “full time”.

Competitividade, com lealdade e foco nos objetivos, é próprio de quem se nivela com os demais cidadãos. Apesar de se estar assumido no poder, essa igualdade só pode resultar em conquistas coletivas, consistentes e consolidáveis, beneficiando a todos, indistintamente quanto à raça, cor de pele, credo e preferência política.

Há algum tempo, observava-se, em Pindamonhangaba, um discurso monocórdio, repetitivo e irreal. Havia a constante afirmação de o prefeito se dizer feliz e estar fazendo o povo feliz.
Por onde passava, a ladainha se despejava automática e, até certo ponto, evasiva, na hora de qualquer pronunciamento ou justificativa a algum questionamento.

Estar “Feliz” não é correspondente a um estado de tristeza, decepção, carência totalmente manifestado pela população. O povo, em sua maioria, não entendia ser, a felicidade, prerrogativa do gestor municipal.

Percebendo a fuga em dar respostas de solução, dentre outros problemas, o povo de Pinda não estava feliz. Felicidade? Onde tem e quanto custa?

A aparente possibilidade de encontrar portas abertas para uma conversa sobre problemas do cotidiano com quem mais entende de cotidiano, que é o cidadão de todos os instantes, não acontecia pelos lados do Paço Municipal.

Uma incrível rede de filtros fazia o cidadão desanimar, se ofender ou obter ajuda de modo completamente adverso do esperado. Muitas vezes um sorriso bem colocado mascarou o pouco caso em atender. Pelo simples fato de os responsáveis pelo atendimento não entenderem sobre fraternidade, comprometimento e isonomia.

Então, em seu gabinete, o prefeito poderia acreditar e apregoar que administrar um município seria como o trabalho do artista chinês equilibrista de pratos, em um circo. “Qual prato é mais importante? Todos”, costumava dizer.

Mas o chinês de dentro de seu universo vacilou. Perdeu a noção do tempo e deixou cair. Não um, mas vários pratos. Os pratos da compreensão, da humildade, da resposta sensata e sem fantasia, da acolhida. Assim como o prato da sinceridade e o da igualdade.

O povo, exaurido de ser colocado num paraíso fictício, ergueu sua voz por sobre um conjunto de números, confirmando sua vontade de mudar. Bateu no peito e disse firme e forte sua esperança de mudança.

Se experiência faz a diferença, o povo experimentou mais de 3 anos de poucos resultados. Isso, definitivamente, fez a diferença. Na escala de valores, o 22 passou a valer mais do que 45.

Nestas eleições municipais, em Pindamonhangaba, o placar final foi como adentrarmos as águas de uma bela e aconchegante cachoeira, com a devida permissão das entidades sagradas da Natureza, para um inebriante banho de lavar a alma.

Lavei a alma, retemperei minha mente, recuperei a calma. Cada gota de felicidade que escorria de meus olhos (claro que chorei de alegria) parecia despejar todos os calos de maldade incrustados pelos incompetentes em meus sentimentos. Durante três anos provei o amargo sabor de reclamar meus direitos diante de pessoas insensíveis, arrogantes e sem talento para atender quando questionadas.

No domingo à noite, festejando a vitória de uma verdadeira família, abracei e cumprimentei cidadãos anônimos, por ser eu um anônimo tão feliz quanto tantos incorporados da mesma possibilidade de ser melhor considerado, mais respeitado e jamais ultrajado por ter escolhido o caminho de nos levar para dias de grandes conquistas.

Peguei na mão de minha esposa e voltamos para casa sabedores de termos votado com muita confiança em quem nos revelou ser confiável.

Para o final do ano restam menos de 3 meses.

É imprescindível aos atuais detentores do poder compreenderem a vontade da maioria e deixarem, para os novos responsáveis pela cidade, uma herança que represente, pelo menos, um mínimo de respeito à escolha popular.

Desta forma, estarão promovendo algum teor de remissão de seus atos unilaterais os quais devem ter provocado muita tristeza em inúmeros lares e famílias da cidade.

Para finalizar: Estar ou ser Feliz não é exclusividade de alguns. Se souberem o valor de compartilhar, correta estará a frase: “Todos somos felizes”.

A “Lei do Retorno” é como o bumerangue: quem não sabe conviver com ela, pode se machucar.

É a minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36.001
Jornalista independente, não filiado à AJOPI.


terça-feira, 27 de setembro de 2016

ERÊS (ou: Criança não costuma mentir)

Criança não costuma mentir, diz a sabedoria popular.

Adultos mentem, para as crianças que não sabem mentir.

A curiosidade de gente grande não entende as razões de ser permitido, às crianças, xeretar por todos os cantos.

Crianças correm, pulam, dançam, cantam.

Fazem arte, conforme definem as pessoas de mais idade.

Interessante como as crianças, muitas vezes, surpreendem os adultos...

Querem um exemplo?
Numa escolinha maternal, as crianças brincavam de bola, correndo, chutando, caindo, chorando, rindo.
Silvinho, um dos pequenos, levanta a mão e grita, avisando de um pedaço de vidro no chão.
A professorinha, deixando as crianças brincarem, lia seu livro de romance.
Ao aviso do infante, a tia se aproxima e recolhe o objeto cortante.
Silvinho bate palmas, pega a bola e grita, para os amiguinhos, que o perigo de furar a bola havia acabado...

Outro:
Matheuzinho, meu herói, pega a mochila, depois de chegar em casa, puxa o zíper e diz para a mamãe que tem atividade para fazer em casa.
A mamãe pega a agenda e o caderno. Na agenda, a Tia da Escola diz que é para a mamãe responder uma série de perguntas para o menino. Uma entrevista.
A certa altura da conversa, a mamãe diz:
-Matheus, a titia quer saber qual é o prato preferido da mamãe. O que eu escrevo?
- Prato de 'vrido" mãe!

Crianças podem tudo, pela sua aparente inocência, mas entendem, ainda, do silêncio ou do vociferar adulto.

Crianças são mensageiras da Paz e da Alegria, dia e noite, noite e dia.

Hoje se comemora o dia de Cosme e Damião que, junto com Doum, representam as crianças na tradição da Umbanda Sagrada, uma das expressões afro-brasileiras.

Ofereça um doce, a uma criança, no dia de hoje.

Não se preocupe com a idade dessa criança, mas exerça o lado criança de festejar crianças.

Abrace a sua própria criança, peça aos Erês (crianças), para que corram, pulem, xeretem e levem seu recado de Esperança ao Deus de sua crença.

Afinal, um dia você já foi criança e essa essência não pode ser desprezada em cada um de nós.

É a minha Opinião.
Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36001
Jornalista Independente.


Toni Garrido tem razão: “pra entender o Erê tem que estar moleque”...


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

PROSA CABOCLA (ou: Descontrair é bom e não custa caro)

Tava eu cheganu pra mais duns seis quiloms de andança a pé.
Repente, assim sem mais nem meno, trupiquei num toco de canjerana, inroscado na bera da estrada...

Foi um trancu bão, daqueles de amargá a boca di tantu duê.

Ranquei a butina, qui já tinha inté u ilástico isgarçado, ponhei fora a meia furada e arreparei u dedão isquerdo de unha rachada, sortano sangue...

Fiquei bronqueadu com us pé meu, finquei os zóio nus dois e preguntei di purquê qui eles num óia pra donde vão...

Us dois nem fizéro iscuitadu. Ficaro quétinho, nu jeitinho que tava.

Tamém, pudera né? Us pé da genti é pra levá nóis pra tudu quantu é cantu. Pisa no chão quente, si moía tudu na chuva, iscorrega na merda du gadu...

I eu aqui, quereno que eles ainda óia pra donde vão. U negócio deles é levá a genti. Oiá é tarefa dus zóios...

Di qui nissu tive lembrança, preguntei pras duas bolas de inxergá si elas num viru o danado du tocu.

Tamém siguiru quétinhu, nem piscaro. Pudera, zóio num é pra falá... Só sérvi pra avisá us miolo, os quar tem o serviçu di ponhá reparo e tomá jeito de sabê o qui fazê.

Infiei as cachola pra trabaiá e mi veio di troco u recado: 

Zé, avisá eu avisei. 'Cê num tomô sentidu e socô o pé no toco. Danô-se!

Larguei di discutí co'corpo e ponhei a inxada du lado, peguei a matula, dismarrei, mordi o teco di pão que sobrô de trazdontonte, enguli o resto de rôiz cum fejão fríu. Peguei a Pitú, distarraxei a rôia, carquei dois golis bão guela abaxo.

Desceu qui desceu queimanu... Era a nistesia. Ergui bem o toco de unha rachada, dispejei um poco bão da pinga.

Foi só agua qui desceu dozóio! Ardeu inté no fundu duzumbigu, qui nem dizia vó Bastiana.
Rasguei um pedaço da camisa rasgada, inrolei no dedão, ponhei a meia véia drentu da butina suja de merda de vaca, pindurei no cabo da inxada e toquei pra casa.

Doía muito não, mas parecia qui eu era um preto véio incorporado. Ia capenganu, puxano a fumaça do pito pra ispantá us musquito.

Sá Dona, minha nega, cuidô do dedão do seu nego. Adispois da janta, cum arroíz requentado, fejão e torresmo, lavamu as coisa e fumu drumi. Notro dia eu ia trabaiá mancano, mais ia mermo.

Finar di conta, foi só u dedão.

U pé num saiu du lugar. Ozóio tava mais aberto e us miolo avisadu pra mi avisá.
U sol rachava na cara, eu rachava lenha i um pardarzinho passo voanu, cagô na minha testa.

Pensei inté in recramá dozóio, mas a cachola gritô lá di drento:

Zé, nóis já si falamu onti,lembra? Fechei o bico, limpei a caca e toquei no batente.

Tem dia que inté di noite a genti se dana. Mais é ansim mermo. Repentemente tudo mióra.

Só num ficá carcano minhoca na cachola.

Notro tempo proseio mais cocês,

Bá noite.

Nego Tonho, o prosadô cheio de prosa.

(Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36.001
Jornalista Independente

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

SOBRE CABOS ELEITORAIS E CARGOS COMISSIONADOS

O atual gestor de Pindamonhangaba afirmou textualmente – em debate de televisão – a importância dos 300 empregados comissionados por serem, todos, competentes.

Aí já se estabelece um parâmetro discriminatório, haja vista, apesar de subjetivamente, o prefeito ter destacado a “falta de competência” dos funcionários concursados, efetivos, com estabilidade de emprego, mas não merecedores de sua confiança.

A suposta competência dos comissionados como teria sido avaliada? Sem nenhum teste, a não ser a mera simpatia ou o ardoroso partidarismo de cada um deles por ocasião das eleições passadas?

Se experiência faz a diferença, quem está no serviço público há mais tempo entende mais de administrar o erário municipal.

Por outro lado, como estabelecer nomenclatura de cargos comissionados se não há, e isso é até objeto de representação pelo Ministério Público, a correta descrição de cargos e funções dos efetivos?

Tanto assim é que os 300 são contexto de sentença judicial definindo pela extinção dos referidos cargos sem concurso.

Por outro lado, o alcaide afirma ter enorme preocupação com a atual situação de desemprego na cidade. Será que os mesmos comissionados não estão ocupando, como cabos eleitorais, a possibilidade de ganho de pais e mães de família atualmente passando necessidades?

É preciso entender ser, o serviço temporário de cabo eleitoral, uma pequena chance de muitas famílias terem um litro de leite, um quilinho de linguiça ou acém sobre a mesa, enriquecendo a alimentação do cotidiano, enquanto alimentam o sonho de tempos melhores.

Aproveitando a postagem de um comissionado apoiador do prefeito, no Facebook, vamos considerar, como salário médio dos comissionados, a irrisória quantia de R$ 5 mil.

Não vale pegar a calculadora, mas, vamos lá: 300 x 5 mil = R$ 1.500.000,00 por mês!

Daria, esse valor, para adquirir, pelo menos, 5 ambulâncias novas e responder pelo salário de profissionais habilitados em atendimento de emergência.

Enquanto, isso, muitos servidores concursados não atingem R$ 2.500 mensais, cumprem jornada de trabalho, marcam ponto e ainda precisam justificar atrasos, mínimos que sejam.

Outros equipamentos e recursos poderiam ser alcançados com a redução de despesas com “profissionais competentes”.

Será que um cabo eleitoral custaria tão caro ou, na verdade, a economia é por conta da competente fidelidade puxa-saquista garantidora da boca rica?

Boca rica sustentada no poder sem nenhuma consulta à opinião pública.

Basta ser competente para estar dentro da moralidade?

Fica, para reflexão, essa minha Opinião.

Marcos Ivan de Carvalho.
Jornalista Independente -Mtb 36.001