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domingo, 24 de abril de 2016

TEMPORADA DE CAÇA (ou como não cair, tentando derrubar adversários)

Recordo uma cena um tanto hilária, outro pouco capaz de me assustar no primeiro momento.

Mais ou menos assim:

Eu voltava do serviço, cuja jornada terminava à meia-noite. Já seria motivo de preocupação, caso eu fosse cismado com aquelas coisas de assombração, mula sem cabeça e outras tantas coisas de histórias contadas por nossos pais e avós. Felizmente nunca dei valor à ameaça, mas sim às lendas, parte de nosso rico folclore.

Outro risco, atualmente acentuado para quem circula à noite, era o de ser abordado por marginais, os quais não têm mais horário para “trabalhar”. Abusam da violência até à luz do dia, hoje em dia.

Mas, como eu voltava à noite para casa, estava me aproximando de uma das esquinas do meu caminho quando surge, bem à minha frente, uma figura de cabelos vermelhos, macacão amarelo, meias listradas e sapatão de palhaço.

Confesso: arrepiou-me ver aquela imagem...

Ato contínuo, diminuí a tensão quando pude perceber se tratar de um palhaço profissional, em plena campanha política para vereador, distribuindo santinhos em cada caixa de correspondência do bairro.

Imaginem esse mesmo palhaço surpreendendo uma senhorinha insone, às duas da manhã, postada numa cadeira de balanço na varanda de sua casa. Afinal, era um outono seco e com muito calor, ao modelo do que acontece em nossos dias. No mínimo, ao ver o palhaço noturno, a velhinha daria um grito sofrido ou – até – viria a sofrer um choque mais sério, do tipo capaz de modificar seu ritmo cardíaco.

Pois então. Está começada a Temporada de Caça aos Eleitores. Maratona de participação ativa, por parte dos pré-candidatos a vereador, principalmente, sem contarmos para o cargo de Executivo da cidade.

Nessa corrida contra o tempo e contra os possíveis adversários, vale tudo.

Vale pegar uma agendazinha qualquer, deixar o carro na garagem, vestir uma roupa mais simples e sair por aí, “filando café e prosa” em todas as casas por onde passar.

Nesse vale tudo, até os desafetos passam a ser os bons amigos do pré-candidato.

Esse perfil de pré-candidato favorece, até, quem precisa de uma ajuda para cuidar da saúde, arrumar um emprego, carpir um terreno, dar um trato no asfalto da rua. A turma do “Deixa comigo” aumenta a cada dia.

Mas não apresenta soluções. Aumenta o rol das promessas e conta, isto sim, com a possibilidade de ser lembrada na hora de serem digitados os algarismos na urna eletrônica. (Por falar nisso, ainda este ano não é obrigatória a identificação dos dedões. Vale consultar o Cartório Eleitoral, para saber mais...)

Quem está no poder, Legislativo ou Executivo, tem a possibilidade de se utilizar, mesmo veladamente, de oportunidades já para detonar possíveis concorrentes em potencial. Daí, buscam remexer o histórico particular de cada um e expor, ao vento e aos ouvidos, qualidades negativas, virtudes não muito claras dos adversários.

E, aí, vale qualquer coisa. Nome no SPC, devedor de pensão alimentícia, uso aparentemente indevido do dinheiro público, atuação profissional fora da cidade como empecilho para ser representante do povo, no caso de candidatos ao Legislativo.

Para a cadeira Executiva, então, as “qualidades” são exploradas até com pesquisa do DNA político social do adversário. Os plantonistas da fofoca, então, se deliciam em plantar comentários desairosos em todos os cantos, para minar o perfil do antagonista, promovendo uma insegura afirmação do nome por eles protegido.

É insegura, sim, pois não se tem notícia da real eficácia dos boatos em tempos de campanha eleitoral.

A comunicação social está mais fluente, mais objetiva e mais acessível, por conta da tecnologia.

Desta forma, aquela coisa de “fulano falou, tá falado”, já não cola mais, principalmente porque o povo está muito mais esclarecido e busca reforçar sua opinião, proteger seus direitos.

Um amigo meu sempre diz: “deixe o povo pensar, que o povo fala e escolhe melhor”. 

Exatamente isso: quando muitos começam a despejar discursos de bater em algum adversário é porque seu argumento de ação pessoal é fraco, sem consistência, apático.

Desde quando o povo descobriu que ir para as ruas é forma de mostrar seus sentimentos, importante se faz –aos candidatos donos de verdadeira sensibilidade política e visão de marketing, entender a importância do respeito ao Povo, que de bobo já não tem nada. Tem, o Povo, vontade de ser feliz, merecendo o verdadeiro respeito de quem se propõe representá-lo e promover sua melhor qualidade de vida.

Não basta ganhar um “troninho” para se sentir, imediatamente, “rei da cocada preta”.
A memória política do povo pode não ser das melhores, por conta da própria avalanche de mentiras que ouve. Mas a verdade de suas reações poderá ser vista não só nas urnas, mas no modo como serão tratados antecipadamente os “fazedores de promessa” e os “não pagadores de promessa”.

Se você é pré-candidato, não mate sua vontade de representar o povo, agindo com falsidade. Pode ser que o resultado triste recaia sobre sua própria história, sua própria família.

Não atire tijolos em quem não está presente em seu discurso. Sabe por quê? O que chegar aos ouvidos do criticado passará por inúmeros filtros, será distorcido e – quase sempre –não considerado.

Muito menos prometa ser o salvador da pátria. Não dependerá tão somente de você qualquer tipo de ação.

Também, cuidado ao dizer que seu gabinete estará de portas abertas para todos que precisarem. Seus assessores poderão entender que você prometeu apenas para ganhar votos, blindando sua pessoa, onde quer que você esteja.

Aliás, assessores podem – também – ser a receita do seu sucesso como a guilhotina de sua derrota. Eles não podem ser mais poderosos, superiores à proposta do assessorado. Não faça da assessoria apenas um cabide de empregos.

Tenha a certeza de que este pessoal lhe seja fiel como ser humano, não como garantia de emprego para os próximos quatro anos, pelo menos...

Aproveite seu tempo fazendo bons planos, usando boas palavras, mostrando seu serviço ou sua proposta de atuação. Cada vez que você cita o nome de um suposto adversário, estará dando ao povo uma possibilidade de rever suas decisões, fazer suas avaliações.
De repente, e a partir desse nosso comentário, já sabendo das razões, você – político –vai entender não valer a pena bater no concorrente. Normalmente, até nos desenhos animados, o povo torce para o lado que está apanhando...

Essa é minha Opinião.
MARCOS Ivan de Carvalho.
Jornalista, MTb 36001


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