Apesar de a telefonia ser moderna, havia o tal de “linhas cruzadas”.
Peguei o aparelho, disquei o número desejado e fiquei aguardando. Súbito,
ouço uma voz dizendo "alô" a um certo Paulinho.
Antes de eu ter tempo de responder não ser o Paulinho, ouvi a mesma voz
dizer ser o Armando Pinheiro.
Daí o tal Paulinho, com voz de assustado, disse estar precisando de uma
decisão, já que o partido estava cobrando uma posição.
Pinheiro, do outro lado, disse para o Paulinho “ir empurrando com a
barriga” pois “não tinha interesse em correr com a solução pedida”. O
interlocutor tentou argumentar, mas não teve muita atenção do moço de São
Paulo, o qual já havia puxado outro assunto para conversarem.
Como jornalista, tentei entender mais da conversa, mas, sobre a mesma
ouvi a voz que me interessava. “Gravadora Chantecler, boa tarde”. Daí, tratei
do meu assunto e deixei Pinheiro e Paulinho se entenderem.
Só sei que era para o moço de Pinda enganar os parceiros de partido,
empurrando com a barriga ou os fazendo digerirem sapos, colocando uma pedra no
caminho deles...
Uma pedra no caminho.
Vi uma, ontem à tarde, na Praça Monsenhor Marcondes.
Seria a identificadora do “Marco Zero” da cidade?
Abandonada, ao lado do “Zerão” que desenharam no chão?
Aliás, aquele zerão me trouxe à lembrança as aulas de desenho do
professor José Wadie Milad.
Ele era extremamente exigente na execução dos exercícios a nós passados.
Lápis número 3 ou 4 para o esboço, número 1 para acabamento. Obrigatórios:
esquadros de 90° e 45°, transferidor, régua. Borracha? Jamais!
O desenho da “rosa dos ventos” era crucial para nós, aprendizes da arte
de riscar corretamente. O encontro das linhas traçadas precisava ser impecável,
sem sobreposições. O traço carecia de ser firme, decidido. Para a arte ser,
efetivamente arte.
A rosácea construída sobre o chão da praça, tem aparência de arte bonita,
quase bem-acabada. Mas, pelo seu desempenho até o presente momento, tende a
acabar antese de ser funcional. O arremate está precário. Um senhorzinho dos
seus 75 anos comentou comigo, en passant:
“O chão ‘tá esfarelando, rapaz! Se “bobeá”, não sobra muito”.
Indaguei ao experiente cidadão qual a razão de sua afirmação.
“Tenho uns tempinho de pedreiro”...
Então, aquele baita zero estaria por merecer nota zero do professor
Milad, quanto ao acabamento?
Não tive acesso à informação de custo, mas circula no Facebook o papo de
ter custado muitos mil reais...
E a pedra. Se por lá ainda estiver, tem cara de ser o “Marco Zero”
inicial, fincado naquele chão de muitas histórias e com muitas histórias
registradas em sua sólida constituição natural. Na foto acima, local aproximado da então "Pedra do Marco Zero" (Foto de nosso acervo, clicada em 2013, durante solenidade cívica do 10 de julho).
Custo zero para a Mãe Natureza, pródiga em nos contemplar com exemplos de
simplicidade significativa.
A pedra, neste caso fundamental para demarcar o começo de todas as
direções do município, teria sido deixada à beira do caminho, relegada a resto?
Mereceria, a Pedra do Marco Zero, um destaque em algum repositório do
Museu Histórico e Pedagógico Dom Pedro I e Dona Leopoldina?
Fica a dica.
Em tempo: o idoso, quando retomou seu caminho, comentou em voz alta, para
a praça: “Tanto tapume pra fazer uma roda no chão”!...
Creio estar necessária uma informação mais detalhada ao povo, quanto ao
Marco Zero e, também, quanto às anunciadas obras de upgrade na Praça. Aliás, a
esse respeito, o competente Jorge Samahá havia nos dito, meses atrás, ter um
projeto contemplando a Praça Monsenhor Marcondes. Iria acontecer, segundo o
profissional, uma mudança geral.
Lembrei-me de que o atual design da praça tem o talento do professor
Milad, o qual a redesenhou a partir do ponto de vista da sacada de sua
residência...
É imprescindível não deixar o povo acreditar que seja mais um sapo a
engolir...
Mesmo porque, atualmente, os sapos da fonte da praça estão desativados...
É a minha Opinião.
Marcos Ivan de Carvalho, MTb 36.001
Jornalista Independente
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