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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

O PREFEITO NÃO PRECISA SER MARIONETE POLÍTICO (ou: O risco de só pagar promessas

Título anterior: REPENSANDO A CARTA ABERTA (ou: Falta coragem para romper o contrato?)


Já estamos com meio mês “rodado” sob nova gestão municipal em Pindamonhangaba.

Como jornalista profissional e publicitário, adotado pela cidade há muitos anos, sinto-me na obrigação de abordar o assunto do momento: as nomeações já definidas por Isael Domingues, prefeito de Pindamonhangaba.

Recordem-se que, antes da posse do mesmo, publiquei uma carta aberta falando de minhas expectativas e meu ponto de vista a respeito do trabalho do Isael, permitam-me o tratamento informal.

Da mesma forma, publiquei textos especificamente de apoio a um candidato que se postava com a proposta de mudança para melhor. O tive como símbolo de minha vontade de começarmos a criar um novo tempo para nossos filhos, netos e demais descendentes.
Verificando o desenrolar dos editais de nomeações, começo a me sentir preocupado.

Primeiro, a safra de estrangeiros, fortemente combatidos durante a caravana de campanha do prefeito. Não ponho em discussão a dignidade, o respeito e a cidadania de cada um, mesmo porque conheço alguns.

No caminhão de campanha, bateram, até, no Rubinho Fernandes, por ser secretário em Pinda e tentar o cargo de vice-prefeito na chapa de Pollyana Gama. A moça perdeu, mas ganhou. Assumiu uma cadeira na Câmara Federal, por ser suplente. Rubinho, não tenho o paradeiro.

Parece que o Pinóquio só mudou de partido, haja vista a nomeação “fundamentada em formação técnica e conhecimento profissional”. Na verdade, o primeiro valor foi a moeda de troca em política.
Essa moeda, entretanto, é de valor muito variável.

Há necessidade extrema, imposta pelas negociações, de nomeação dos afilhados indicados pelos patrocinadores financeiros ou canalizadores de prestígio ao candidato cabeça de chapa. Daí, praticamente 60% dos nomeados nem precisam ser conhecidos de longa data do prefeito eleito. Basta estarem sob o manto protetor de um dos patrocinadores. Isso é “cláusula contratual”.

No caso específico de Pinda, bênçãos políticas de padre Afonso Lobato consagraram, até, a titular da pasta da Saúde.
Segue-se, então, um desfiar de cargos, cada um com o carimbo de um padrinho.
Isael Domingues, em suas falas de antes da posse e no dia da posse afirmou a sequência de critérios: conhecimento técnico, experiência profissional e negociação política. Parece que os valores se inverteram.

Há, até, quem gritava, de cima do caminhão, não precisar de cargo mas, sim, “de oportunidade para representar o povo”. Uma nomeação mudou o canto da cigarra.

Ricardo Piorino me afirmou que muita gente precisa ser lembrada, mesmo em não sendo para a administração. Alguns não tiveram a chance de melhor estudo, mas não podem ficar sem uma colocação, mesmo que seja de negociações com a iniciativa privada. As empresas, então, teriam que "dar um jeito de pagar as promessas políticas"?

Pindamonhangaba não é tão pobre de profissionais bem sucedidos, especialistas qualificados, pessoas conhecidas e de bom envolvimento com as necessidades locais. Trazer gente de fora é não investir na capacidade de quem é daqui, mora aqui, vive aqui e investe seu dinheiro aqui.

Podem, até, ser capacitados para trabalhos em sua área específica, no ambiente limitado da até então atuação individual. Daí para um salto gigantesco, em termos até salariais, é um descaso para quem sabe por onde ir e vir em nossa terra.

Estariam, os estrangeiros, realmente compromissados com a gestão ou interessados em se acomodar por quatro anos? Matriculariam seus filhos em escolas públicas locais? Utilizariam os serviços públicos de saúde?
Claro está que, com um ganho polpudo, até mesmo os daqui poderiam optar por atendimento particular, mas teriam comprometimento forte com a sua cidade.

Houve, anteriormente à lista vip anunciada, uma preliminar referindo nomes desta e a citação de outros a serem referendados. Até mesmo expondo, a público, quem não foi contemplado com algum cargo. Profissionais reconhecidos e da cidade. Triste.

Em tempo: para alguns, sou um jornalista crítico, muito ácido e inconveniente. Direito do livre pensar, como exerço o direito de me expressar, assinando o que escrevo. Infelizmente, muitos destes “alguns” não se deram ao luxo de se manifestarem pessoalmente, assinando embaixo de suas falas ou “recados”.

Então, como referi há pouco, a moeda de troca, em política, é muito oscilante. E perigosa.
Pode custar caro ao cidadão que apõe sua assinatura num ato de nomeação. Até mesmo por conta de possíveis “duplos salários” ou por “formação acadêmica ou escolar duvidosa”.

Pensem: se Isael Domingues já é autoridade e se realmente pensa no bem da cidade, não precisa se dobrar às exigências de patrocinadores. Mesmo porque, em querendo, estes podem retirar o patrocínio para os próximos eventos. Isso não é traição, é descobrir quem merece o verdadeiro gesto de gratidão pela escolha.

Que se danem os interesseiros, pois se o prefeito decidir ficar do lado do povo, terá - certamente - o apoio daqueles que mantêm a máquina funcionando, com a fidelidade aos compromissos tributários.
Se o gestor do município souber se postar com equilíbrio, bom senso e agindo dentro das leis que regem sua administração, não tem a mínima obrigação de ser marionete político.

Não assina a nomeação forçada, escolhe – penso que tem conhecimento suficiente para isso – a quem realmente atenda suas expectativas, enfrenta o leão da cobrança política mas tem como pousar a cabeça sobre o travesseiro, abraçar sua mulher amada e adormecer em paz, todos os dias de sua administração.

A cidade precisa de um administrador, não de um grupo de interesseiros políticos.

Pode parecer utopia, mas ainda dá tempo de expurgar a moeda instável pela certeza de respeitar cada voto recebido.
O pior está por vir, se não houver nenhum tipo de mudança por parte de quem assina as nomeações. Podem ter certeza: qualquer tropeço não será atribuído a nenhum nome da árvore hierárquica, pois a responsabilidade é de quem autoriza o cargo.

Louve-se a nomeação de alguns Servidores de Carreira em cargos de sua total experiência. Porém, há muita gente merecedora de ter a função reconhecida.
Sem considerarmos aqueles que “jogaram pedras na cruz” do Dr. Isael, carregando bandeiras e gritando “Vitão, Vitão” e, agora, buscam o gabinete para conquistar uma boquinha na atual gestão também.


Como disse na carta aberta: Dr. Isael tinha 4 anos para marcar seu nome na história. Já se passaram 15 dias e quem está mandando são os interesseiros.

É a minha Opinião. Por isso, assino

Marcos Ivan de Carvalho, jornalista independente, MTb36.001, publicitário e orgulhosamente filho adotivo de Pindamonhangaba.

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