Título anterior: REPENSANDO A CARTA ABERTA (ou: Falta coragem para romper o contrato?)
Já estamos com meio mês “rodado” sob nova gestão municipal em Pindamonhangaba.
Já estamos com meio mês “rodado” sob nova gestão municipal em Pindamonhangaba.
Como jornalista profissional e
publicitário, adotado pela cidade há muitos anos, sinto-me na
obrigação de abordar o assunto do momento: as nomeações já
definidas por Isael Domingues, prefeito de Pindamonhangaba.
Recordem-se que, antes da posse do
mesmo, publiquei uma carta aberta falando de minhas expectativas e
meu ponto de vista a respeito do trabalho do Isael, permitam-me o
tratamento informal.
Da mesma forma, publiquei textos
especificamente de apoio a um candidato que se postava com a
proposta de mudança para melhor. O tive como símbolo de minha
vontade de começarmos a criar um novo tempo para nossos filhos,
netos e demais descendentes.
Verificando o desenrolar dos editais
de nomeações, começo a me sentir preocupado.
Primeiro, a safra de estrangeiros,
fortemente combatidos durante a caravana de campanha do prefeito. Não
ponho em discussão a dignidade, o respeito e a cidadania de cada um,
mesmo porque conheço alguns.
No caminhão de campanha, bateram,
até, no Rubinho Fernandes, por ser secretário em Pinda e tentar o
cargo de vice-prefeito na chapa de Pollyana Gama. A moça perdeu, mas
ganhou. Assumiu uma cadeira na Câmara Federal, por ser suplente.
Rubinho, não tenho o paradeiro.
Parece que o Pinóquio só mudou de
partido, haja vista a nomeação “fundamentada em formação
técnica e conhecimento profissional”. Na verdade, o primeiro valor
foi a moeda de troca em política.
Essa moeda, entretanto, é de valor
muito variável.
Há necessidade extrema, imposta pelas
negociações, de nomeação dos afilhados indicados pelos
patrocinadores financeiros ou canalizadores de prestígio ao
candidato cabeça de chapa. Daí, praticamente 60% dos nomeados
nem precisam ser conhecidos de longa data do prefeito eleito. Basta
estarem sob o manto protetor de um dos patrocinadores. Isso é
“cláusula contratual”.
No caso específico de Pinda, bênçãos
políticas de padre Afonso Lobato consagraram, até, a titular da
pasta da Saúde.
Segue-se, então, um desfiar de cargos, cada
um com o carimbo de um padrinho.
Isael Domingues, em suas falas de
antes da posse e no dia da posse afirmou a sequência de critérios:
conhecimento técnico, experiência profissional e negociação política. Parece
que os valores se inverteram.
Há, até, quem gritava, de cima do
caminhão, não precisar de cargo mas, sim, “de oportunidade para
representar o povo”. Uma nomeação mudou o canto da cigarra.
Ricardo Piorino me afirmou que muita
gente precisa ser lembrada, mesmo em não sendo para a administração.
Alguns não tiveram a chance de melhor estudo, mas não podem ficar
sem uma colocação, mesmo que seja de negociações com a iniciativa
privada. As empresas, então, teriam que "dar um jeito de pagar as promessas políticas"?
Pindamonhangaba não é tão pobre de
profissionais bem sucedidos, especialistas qualificados, pessoas
conhecidas e de bom envolvimento com as necessidades locais. Trazer
gente de fora é não investir na capacidade de quem é daqui, mora
aqui, vive aqui e investe seu dinheiro aqui.
Podem, até, ser capacitados para
trabalhos em sua área específica, no ambiente limitado da até
então atuação individual. Daí para um salto gigantesco, em termos
até salariais, é um descaso para quem sabe por onde ir e vir em
nossa terra.
Estariam, os estrangeiros, realmente
compromissados com a gestão ou interessados em se acomodar por
quatro anos? Matriculariam seus filhos em escolas públicas locais?
Utilizariam os serviços públicos de saúde?
Claro está que, com um ganho polpudo,
até mesmo os daqui poderiam optar por atendimento particular, mas
teriam comprometimento forte com a sua cidade.
Houve, anteriormente à lista vip
anunciada, uma preliminar referindo nomes desta e a citação de outros a serem referendados. Até mesmo expondo, a
público, quem não foi contemplado com algum cargo. Profissionais
reconhecidos e da cidade. Triste.
Em tempo: para alguns, sou um
jornalista crítico, muito ácido e inconveniente. Direito do livre
pensar, como exerço o direito de me expressar, assinando o que escrevo. Infelizmente, muitos
destes “alguns” não se deram ao luxo de se manifestarem
pessoalmente, assinando embaixo de suas falas ou “recados”.
Então, como referi há pouco, a moeda
de troca, em política, é muito oscilante. E perigosa.
Pode custar caro ao cidadão que apõe
sua assinatura num ato de nomeação. Até mesmo por conta de
possíveis “duplos salários” ou por “formação acadêmica ou
escolar duvidosa”.
Pensem: se Isael Domingues já é
autoridade e se realmente pensa no bem da cidade, não precisa se
dobrar às exigências de patrocinadores. Mesmo porque, em querendo,
estes podem retirar o patrocínio para os próximos eventos. Isso não é traição, é descobrir quem merece o verdadeiro gesto de gratidão pela escolha.
Que se danem os interesseiros, pois se o prefeito
decidir ficar do lado do povo, terá - certamente - o apoio daqueles que mantêm a máquina funcionando, com a fidelidade aos compromissos
tributários.
Se o gestor do município souber se
postar com equilíbrio, bom senso e agindo dentro das leis que regem sua
administração, não tem a mínima obrigação de ser marionete
político.
Não assina a nomeação forçada,
escolhe – penso que tem conhecimento suficiente para isso – a quem
realmente atenda suas expectativas, enfrenta o leão da cobrança
política mas tem como pousar a cabeça sobre o travesseiro, abraçar
sua mulher amada e adormecer em paz, todos os dias de sua
administração.
A cidade precisa de um administrador,
não de um grupo de interesseiros políticos.
Pode parecer utopia, mas ainda dá
tempo de expurgar a moeda instável pela certeza de respeitar cada
voto recebido.
O pior está por vir, se não houver
nenhum tipo de mudança por parte de quem assina as nomeações.
Podem ter certeza: qualquer tropeço não será atribuído a nenhum
nome da árvore hierárquica, pois a responsabilidade é de quem
autoriza o cargo.
Louve-se a nomeação de alguns
Servidores de Carreira em cargos de sua total experiência. Porém,
há muita gente merecedora de ter a função reconhecida.
Sem considerarmos aqueles que “jogaram
pedras na cruz” do Dr. Isael, carregando bandeiras e gritando
“Vitão, Vitão” e, agora, buscam o gabinete para conquistar uma
boquinha na atual gestão também.
Como disse na carta aberta: Dr. Isael
tinha 4 anos para marcar seu nome na história. Já se passaram 15
dias e quem está mandando são os interesseiros.
É a minha Opinião. Por isso, assino
Marcos Ivan de Carvalho, jornalista independente, MTb36.001, publicitário e orgulhosamente filho adotivo de Pindamonhangaba.
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